Coimbra homenageou Padre Américo

Bispo de Coimbra fala de um «sinal cristão nas ruas da vida»

Foram muitos os antigos e actuais gaiatos, que compareceram, no dia 19 de Setembro, ao descerramento do busto do Padre Américo, no Largo da Cumeada, na Avenida Dias da Silva, em Coimbra. O Bispo de Coimbra destacou esta acção promovida pela Junta de Freguesia da Sé Nova, “como um sinal cristão nas ruas da vida”. O presidente da Câmara, Carlos Encarnação enalteceu as instituições ligadas à Igreja (como é o caso da Casa do Gaiato), porque segundo o autarca “é impossível” ao Estado dar resposta a todas as necessidades sociais do país.

D. Albino Cleto afirmou que a estátua do Padre Américo, inaugurada no passado sábado, surge num local por onde o presbítero passava diariamente para se dirigir para a obra que fundou, “é um sinal cristão a dizer aquilo que alguns não querem”. “Este é um sinal de fé numa das ruas mais movimentadas de Coimbra. Não é preciso uma cruz ou um sino, as pessoas quando aqui passarem irão interrogar-se sobre esta personagem aqui retratada”, afirmou o prelado.

D. Albino Cleto agradeceu profundamente à Câmara Municipal de Coimbra e essencialmente à Junta de Freguesia da Sé Nova, na pessoa do seu presidente Helder Abreu por esta iniciativa levada a cabo.

Para o Bispo de Coimbra, “este é um sinal cristão nas ruas da vida”.

O presidente da Câmara considera estátua ao fundador das Casas do Gaiato “uma censura surda à falta de memória de Coimbra”.

Carlos Encarnação falou mesmo de “um apagão da memória”, a que este executivo colocou um ponto final, porque a cidade tem de se habituar “a lembrar e a agradecer” a quem é merecedor, disse.

A obra do Padre Américo é um desses casos, porque, continuou, “é impossível” ao Estado dar resposta a todas as necessidades sociais do país. “A pior coisa que podemos fazer é iludir a realidade e deitar organizações como estas para trás das costas”, reforçou o autarca.

Nasceu num berço de ouro, mas a morte do pai tirou-lhe parte da “magia” que deveria fazer parte da vida de todas as crianças. Victor Agostinho, com cerca de 75 anos, chegou a passar fome e foi na Casa do Gaiato de Miranda do Corvo que reencontrou o sorriso de menino. Ao “pai” Américo deve aquilo que é hoje.

No descerramento do busto do criador da Obra de Rua, responsável pelas Casas do Gaiato, no Largo da Cumeada, na Avenida Dias da Silva, Victor Agostinho emocionou-se e emocionou quem o ouviu, numa homenagem ao homem que o “lançou para a vida”.

“Ali [na Casa do Gaiato] aprendi tudo. A cozinhar, lavar a louça, passar a ferro”, lembrou, confessando que nem admite que alguém realize estas tarefas melhor do que ele.

José Araújo, outro antigo gaiato presente na cerimónia, as palavras custaram mais a sair. A emoção tomou conta dele ao recordar o “Pai Américo”. As “saudades” são muitas e as memórias de menino difíceis de apagar.

O Padre Américo nasceu a 23 de Outubro de 1887, numa pequena localidade de Penafiel e faleceu em 1956. Ordenado sacerdote em 1929, iniciou a sua actividade apostólica na Rua da Matemática, com a “sopa dos pobres”, criando, depois, na Azinhaga do Cidral, um lar para crianças desprotegidas.

À festa da inauguração do busto do Padre Américo, juntou-se a Tuna Feminina da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra que abrilhantou a cerimónia. A Junta de Freguesia da Sé Nova ofereceu ainda um almoço volante, onde não faltou o leitão da Bairrada.

Miguel Cotrim/Amicor.pt

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