Coimbra: É preciso colocar a vida «comunitária» acima do «bairrismo potenciador de divisões» – D. Virgílio Antunes

Bispo vai apresentar esta quarta-feira o plano pastoral da diocese até 2020

Coimbra, 19 set 2017 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra vai apresentar esta quarta-feira o plano da diocese para os próximos quatro anos, durante as jornadas de formação pastoral acolhidas pelo Seminário Maior da região.

Numa carta dedicada ao referido plano, publicada na página online da Diocese de Coimbra, D. Virgílio Antunes destaca as mudanças que estão em curso na organização pastoral da região, onde “a unidade pastoral” está a tornar-se progressivamente “a base” de toda a ação da Igreja local, “o que traz algumas exigências de mudança de atitude”.

“Não basta estabelecer ligações entre um grupo de paróquias”, alerta o bispo, para quem a nova realidade estrutural da diocese tem de ser “oportunidade“ para revitalizar toda a ação católica rumo a uma pastoral que seja mais do que “mera manutenção e conservação”, e a uma vivência “comunitária” sem o “bairrismo potenciador da divisão”.

No mesmo documento, o prelado realça a necessária aposta na “evangelização”, onde é urgente saber “propor” a Palavra de Deus “de formas diferentes”, para que a Igreja consiga “tocar as questões que verdadeiramente interessam à humanidade de hoje”.

“A fé e o Evangelho continuam a ser os mesmos”, no entanto “as pessoas, inseridas numa cultura, numa sociedade e num sistema de valores plurais e distintos dos que dominaram no passado, não manifestam o mesmo tipo de abertura e de acolhimento”, pode ler-se.

As transformações ocorridas ao nível das paróquias e das famílias, que antes “realizavam naturalmente a missão de transmitir a fé às novas gerações”, são vistas pelo bispo como outro fator decisivo no progressivo desprendimento das comunidades, e sobretudo dos jovens, relativamente à fé católica.

“Para se ser crente e cristão na atualidade é preciso passar por um processo de conhecimento, acolhimento e apropriação de uma fé pessoal, assumida com a razão e com o coração, experimentada na vida e na comunidade, que se deseja e se procura como algo verdadeiramente marcante”, escreve D. Virgílio Antunes.

Neste sentido, “e uma vez que evangelizar significa proporcionar condições para o encontro com a fé ou comunicar a fé”, é fundamental que a Igreja Católica e os seus agentes pastorais apostem no “testemunho, na relação interpessoal, no encontro” com as pessoas, nos seus mais variados ambientes.

Durante a sua reflexão, o responsável católico recorre à exortação “A alegria do Evangelho”, do Papa Francisco, que defende que “toda a programação da vida e toda a atividade dentro de uma comunidade cristã tem de ter uma intenção evangelizadora”.

“Este é também o sonho da Diocese de Coimbra”, frisa o prelado.

Outro campo prioritário no plano pastoral diz respeito à “espiritualidade”, no sentido do cuidado pela “vida interior” das comunidades, pois “não pode haver cristão sem verdadeira vida espiritual, animada pelo Espírito Santo”.

“Com humildade, temos de reconhecer que a dimensão espiritual da vida cristã, da organização da vida eclesial e da própria ação pastoral tem sido muito descurada”, sublinha D. Virgílio Antunes, que propõe o regresso “a um cultivo da vida interior”, enraizado num “especial relevo” a dar “à missa dominical”, a outros momentos celebrativos.

Sugere também o desenvolvimento de “hábitos, métodos e formas de oração cristã, pessoal, familiar e comunitária que levem à unidade entre a fé e a vida”.

“Mais do que nunca, precisamos urgentemente de sentir que a Igreja vive da graça do Senhor, que nos gera para a fé, nos faz filhos de Deus e nos fortalece por meio do seu Espírito para produzirmos frutos de transformação do mundo”, conclui D. Virgílio Antunes.

JCP

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