Teólogo fez conferência inaugural do colóquio “700 anos do Culto da Imaculada Conceição em Portugal”, que nasceu na Sé Velha da diocese
Coimbra, 17 out 2020 (Ecclesia) – O teólogo José Eduardo Borges de Pinho afirmou hoje no colóquio “700 anos do Culto da Imaculada Conceição em Portugal” que é necessário valorizar “com sentido crítico” a devoção a Maria, que é “nuclearmente interpelação à autenticidade” cristã.
“A verdadeira devoção a Maria é nuclearmente interpelação à autenticidade e profundidade da existência cristã, estímulo à busca de fidelidade concreta no seguimento de Jesus nas próprias circunstâncias da vida. E é nesse sentido que toda a devoção a Maria deve ser vivida, estimulada e avaliada”, afirmou.
Para o teólogo, Maria é uma “interpelação eminente” a que cada pessoa esteja atenta “aos sinais de Deus”, a pautar “por critérios verdadeiramente humanos e evangélicos” a “busca de Deus” e a “crescer na sensibilidade atenta aos mais simples, pobres e sofredores, a encontrar na simplicidade e transparência de vida, traços decisivos do ser cristão e do viver em Igreja”.
“Na sua história de vida e na sua presença maternal ao longo do tempos, Maria aparece como expressão existencial e qualificada do que a esperança cristã significa e possibilita”, referiu.
“Maria ilumina, é modelo da humanidade redimida. Nela aparece concretizada e antecipada o que é a humanidade acolhedora de Deus, a humanidade salva. Maria ilumina e impulsiona os caminhos da humanidade crente que segue Jesus Cristo na força do Espírito”, sustentou.
Na conferência de abertura do colóquio que assinala os 700 anos do culto da Imaculada Conceição, José Eduardo Borges de Pinho lembrou que Maria “é a Mulher para quem milhões e milhões de pessoas simples, pobres e humildes se voltaram ao longo de séculos no meios das alegrias e sofrimentos da sua existência, identificando-se com ela e com a sua história dolorosa de vida”.
Para o teólogo, o culto a Nossa Senhora “não está isenta de ambiguidades” e acontece a partir de uma “forte dimensão emocional e afetiva que faz parte do viver crente”.
José Eduardo Borges de Pinho defendeu uma “atitude de respeito” perante a piedade popular em torno de Maria, que “exige que se ultrapasse uma conceção elitista da fé, assente em parâmetros da racionalidade”, considere a dimensão antropológica da fé, por vezes maioritária, e inclua o “discernimento” na pastoral da Igreja.
“Não se pode agir pastoralmente sem a preocupação pelo discernimento, que passa por uma exigência continua de formação, sentido de pertença à comunidade eclesial, busca de autenticidade e qualidade celebrativa e preocupação relativamente ao crescimento global humano das pessoas”, afirmou.
“Valorizando sem qualquer sentido crítico o que pode congregar o maior número de pessoas, corre-se o risco de fomentar uma religiosidade que não tem credibilidade e, a longo prazo, não tem futuro”, defendeu.
O Cabido da Sé de Coimbra e o Centro Académico de Democracia Cristã (CADC) promovem hoje o colóquio “700 anos do Culto da Imaculada Conceição em Portugal”, evocando a assinatura, no dia 17 de outubro de 1320, da constituição diocesana que instituiu a festividade da Conceição de Maria por D. Raimundo Evrard, bispo diocesano há sete séculos; nesse mesmo ano, a 8 de dezembro, foi pela primeira vez celebrada em Portugal a Solenidade da Imaculada Conceição, na Sé Velha de Coimbra, que se tornou então o pólo irradiador deste dogma mariano daquela que, a 25 de Março de 1646, viria a ser consagrada Rainha e Padroeira de Portugal.
PR
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