CNIS: Crise obriga a repensar apoios prestados a crianças em risco

Instituições sociais querem estar mais próximas das famílias e defendem uma maior cooperação com as comissões e tribunais de menores

Lisboa, 14 Mar (Ecclesia) – As Instituições Particulares de Solidariedade Social querem “reorganizar” o tipo de apoios dados a crianças e jovens em risco, em contexto de crise e perante “uma realidade que está a mudar”.

O tema esteve em destaque este Sábado, em Fátima, durante um encontro nacional organizado pela Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) e pela Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens.

Segundo o padre Lino Maia, este evento “serviu como um alerta às IPSS para, face à actual conjuntura, prevenirem situações difíceis, intensificando a sua acção nas zonas deprimidas, sobretudo bairros sociais e áreas metropolitanas”.

Em declarações prestadas hoje à agência ECCLESIA, o presidente da CNIS aponta “o aumento do desemprego e a diminuição dos apoios sociais, como o subsidio de desemprego”, como factores que têm contribuído para uma subida gradual do número de famílias, crianças e jovens em situação precária, em zonas como Lisboa e Porto.

Por sua vez, Filomena Bordalo, assessora de direcção do mesmo organismo, alerta para o perfil das crianças acolhidas, “cada vez mais velhas”, e as causas de acolhimento, “cada vez mais complexas”.

De acordo com o relatório anual da Segurança Social do ano de 2010, até 2009 eram perto de 13 mil as crianças que estavam entregues a instituições de solidariedade social.

Só a idade média das crianças registou uma subida preocupante, de acordo com a CNIS, tendo passado dos 12 para os 15 anos.

Muitos destes adolescentes “já sofreram com tipos de acolhimento falhados, experiências de acolhimento anteriores sem sucesso, o que dificulta bastante toda a intervenção educativa das instituições”, acrescenta a representante da CNIS.

Durante evento, intitulado “Direitos da Criança – A prevenção do risco e a reparação do perigo – o Papel das IPSS”, focou-se também a necessidade duma intervenção articulada ao nível da família, o espaço mais indicado para as crianças se desenvolverem.

“Quando a família não responde ao seu papel, as instituições têm a obrigação de corporizar esse direito da criança à família” sublinha Filomena Bordalo, para quem “não se trata de fazer mais, é um esforço de fazer cada vez melhor”.

A cooperação entre as IPSS, as comissões de menores e os tribunais também foi abordada, já que dela depende o futuro de milhares de crianças, no nosso país.

“Tem de haver aqui um reforço, uma preocupação muito grande por um trabalho de maior confiança, de maior proximidade” aponta a assessora da CNIS.

Desde 2007 que o Governo tem procurado melhorar a promoção dos direitos das crianças e jovens em risco, também modernizando e especializando as instituições que os acolhem, através do Plano DOM – Desafios, Oportunidades e Mudanças.

Para Abril, está prevista uma reunião com a Comissão Nacional de Acompanhamento e Avaliação dos Protocolos e Acordos de Cooperação, onde a CNIS espera obter formalmente os dados de avaliação nacionais daquele projecto.

 

JCP

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