Cinquentenário sublinha dimensão nacional

Celebração presidida pelo enviado especial de Bento XVI concluiu fim-de-semana de festa em volta do Cristo Rei

 

Milhares de pessoas reuniram-se em volta do Santuário de Cristo Rei, em Almada, para a Missa aniversária que encerrou as comemorações do cinquentenário deste monumento.

A Missa foi presidida pelo Cardeal José Saraiva Martins, enviado especial de Bento XVI, que destacou a dimensão nacional do Santuário e a sua importância como símbolo de paz.

O membro da Cúria Romana falou do monumento como um “projecto nacional” que, após a II Guerra Mundia, se tornou “um ex-voto tornado santuário nacional, em preito de gratidão a Deus pelo dom da paz”.

“Construído com a colaboração de muitos – e também graças à renúncia e partilha de milhares de crianças – é um gesto colectivo da Igreja de Portugal, que exprime a comunhão entre todos os seus filhos, pastores e leigos”, precisou.

O enviado do Papa disse que “este é o monumento da paz e lembra-nos que a paz é uma das exigências maiores do tempo actual, deve lembrar-nos que a paz tem de ser construída não pelos canhões, não pelas armas, mas pelo amor, pelo respeito do homem e da sua dignidade, dos seus direitos fundamentais, das suas aspirações”.

“Só assim contribuiremos para construir realmente a paz, fundada na justiça, na verdade, não no ódio, não na desigualdade, não na desconfiança. Esta é uma lição que nos dá hoje o monumento ao Cristo Rei”, prosseguiu.

Antes, fora transmitida a mensagem que o próprio Papa dirigira a Portugal, esta manhã, no Vaticano, por ocasião destas comemorações. Bento XVI, que falava depois da recitação da oração mariana do Regina Coeli, na Praça de São Pedro pediu que o nosso país seja “fiel na fé católica, fértil na santidade, próspero na economia, justo na partilha da riqueza, fraterno no desenvolvimento, alegre no serviço público”.

A celebração no Santuário iniciou-se pelas 16h00, tendo sido introduzida por uma saudação do Bispo de Setúbal, D. Gilberto Canavarro Reis. Mais de 20 Bispos portugueses, representantes dos episcopados lusófonos e líderes militares e políticos marcaram presença na celebração, com destaque para o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, o presidente da Assembleia, Jaime Gama, e o ministro da presidência, Pedro Silva Pereira.

Na sua homilia, o Cardeal Saraiva Martins disse que a celebração dos 50 anos é “uma expressão de reiterada gratidão nacional, mas também de renovado empenho pessoal, comunitário e eclesial”.

Depois de apresentar uma reflexão sobre a simbologia do coração de Jesus e da realeza de Cristo, o Cardeal português defendeu que “o amor a Cristo, centro da sua vida e mensagem, só será verdadeiro se, partindo do nosso íntimo, se manifestar ao nosso próximo, levando-nos a sair e a esquecer-nos de nós mesmos para ir ao seu encontro de braços abertos, para o acolher e aceitar incondicionalmente, com amizade, respeito e confiança”.

O prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos sublinhou a presença da imagem de Nossa Senhora de Fátima, tal como há 50 anos, destacando que “a mensagem de Fátima é, com efeito, essencialmente, uma mensagem eucarística, de amor e de paz”.

“Renovemos a nossa fé em Cristo Rei, no seu Sagrado Coração e no da Sua e nossa Mãe. Confiemos-lhes, de novo, o nosso País e toda a humanidade, para que o seu amor reine e o mundo tenha paz: a paz dos corações enfim reconciliados; a paz nas nossas famílias e locais de trabalho; a paz nas nossas comunidades eclesiais e em toda a Igreja; a paz no nosso país e no mundo inteiro”, apelou.

Em conclusão, o enviado do Papa exortou os presentes a serem “defensores da vida em todas as circunstâncias, desde o seu início até ao seu fim natural” e a estarem “atentos à salvaguarda da criação”.

Depois da homilia, diante do Bispo de Setúbal, o Arcebispo do Rio de Janeiro, D. Orani Tempesta, foi oficializada a geminação entre o Santuário de Cristo Rei e o Santuário do Cristo Redentor do Corcovado, no Brasil. Além dos dois prelados, assinaram o documento os respectivos reitores, tendo ainda havido troca simbólica de imagens dos respectivos Cristos Rei.

O Arcebispo do Rio destacou, na sua intervenção, a “cultura religiosa” que Portugal levou para o Brasil e falou da importância do acto de geminação assinado este Domingo, que faz destes santuários “irmãos”.

D. Gilberto Reis, por seu lado, deixou votos de que esse gesto “estimule o nosso mundo a ser um mundo de laços cada vez mais profundos e variados, que globalizem o amor e a paz”.

A Missa deste Domingo concluiu-se com a renovação da Consagração de Portugal ao Sagrado Coração de Jesus, lida pelo Cardeal Saraiva Martins, e uma intervenção de D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, o qual quis manifestar a sua gratidão ao Cardeal e ao Papa, pela atenção que dedicaram a estas celebrações.

O Arcebispo de Braga deixou votos de que “a Igreja que peregrina em Portugal continue a sentir que sem uma consciência missionária não está a ser fiel ao Evangelho”.

Após o momento de celebração, que se encerrou este Domingo, D. Jorge Ortiga defendeu que há “diante de nós um trabalho a realizar”.

Este cinquentenário não se viveu apenas com celebrações litúrgicas, dado que na Sexta-feira decorreu em Lisboa um simpósio sobre a crise, como lembrou o presidente da CEP: “Em Igreja e como Igreja reflectirmos sobre o dever de reinventar a solidariedade, fazendo que seja expressão do amor que Cristo nos manifestou”.

Depois de afirmar que “o Santuário de Cristo Rei é um Santuário de Paz”, D. Jorge Ortiga estimulou os católicos a lutar pelo mundo, numa “nova civilização que espera respostas novas da Igreja”, alicerçados nos valores da justiça, da igualdade, da fraternidade”.

Concluiu rezando para que em “Portugal continue a estar presente o amor de Cristo pela humanidade inteira”.

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