Ciclone Idai: «Pensávamos que a cidade da Beira já não existisse» – Secretário-geral da Cáritas Moçambicana

Documentário «Recuperar Vidas. Restaurar a Esperança» recorda os dias que se seguiram à tragédia e apresenta o processo de reconstrução em curso

Lisboa, 17 out 2019 (Ecclesia) – A Cáritas Portuguesa divulgou hoje o documentário “Recuperar Vidas. Restaurar a Esperança” com testemunhos de sobreviventes do ciclone Idai e dos colaboradores da Cáritas Moçambicana, que chegaram a temer que “a cidade da Beira já não existisse”.

O secretário-geral da Cáritas Moçambicana, Santos Gotine, recordou o “apagão completo” na região por causa do ciclone Idai e a impossibilidade de comunicação durante cinco dias.

“A Beira estava sem comunicação e, em Maputo, ficamos cinco dias sem saber o que estava a acontecer na Beira. Estávamos todos preocupados. A primeira comunicação foi com o diretor da Cáritas Beira, quando ligou para mim e eu disse: ‘Aleluia! Nós pensávamos que a cidade da Beira já não existisse’”, disse Santos Gotine.

O minidocumentário “Recuperar Vidas. Restaurar a Esperança” lembra as ajudas que a Cáritas fez chegar à região e o recomeço da normalidade, nomeadamente a capacidade de trabalhar a terra, pela “distribuição de sementes” e “entrega de ferramentas agrícolas”.

Josenair Hermes, coordenadora do Programa de Emergência CRS (Cáritas dos Estados Unidos da América) lembrou que a ajuda agrícola permitiu aos habitantes das regiões atingidas começarem a plantar, ter os alimentos e comercializar as sobras, num trabalho que contou com a assistência de dois técnicos.

“Na segunda fase do projeto estamos a implementar feiras agrícolas, intercâmbio entre os agricultores e a construção de celeiros onde vão poder guardar as suas sementes, disse Josenair Hermes

Na memória dos habitantes da região permanecem dias de tragédia provocadas pelo ciclone, que levou tudo.

“A minha mãe tinha deixado boi, cabrito, galinhas, porco… todos foram”, lembrou Fátima, que manifesta também a vontade de “recuperar” as suas coisas, “ser enfermeira” e “ajudar os doentes”:

“Não vou esquecer nunca. Até ficar velha vou contar esta história”, afirma no documentário “Recuperar Vidas. Restaurar a Esperança”, realizado por Inês Leitão, com imagem de Tiago Azevedo Mendes, da Agência ECCLESIA, e reportagem de Márcia Carvalho, da Cáritas Portuguesa.

De acordo com o comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o minidocumentário dá a conhecer “a história de vida de homens, mulheres e crianças que viveram o medo, perderam vidas, experimentaram os seus limites e sobreviveram” com os efeitos das cheias e dos ciclones Idai e Keneth.

A Cáritas Portuguesa mantendo a lógica de “atuação da rede internacional, em articulação direta com a Cáritas Moçambicana”, já deu início a fase de reconstrução, num trabalho que vai decorrer num prazo de 12 meses em quatro das províncias afetadas: Sofala, Manica, Zambézia e Cabo Delgado e terá um orçamento global de 2.317.112 euros.

Atendendo à ação desenvolvida através da campanha «Cáritas Ajuda Moçambique» a participação da Cáritas Portuguesa neste projeto global será de 450 mil euros, num apoio que se estima chegue a mais de 5 mil famílias, em três linhas de atuação: agricultura e meios de subsistência; água e saneamento; habitação.

Durante a fase de emergência, até ao final de junho, a Cáritas prestou assistência a cerca de 27.500 pessoas.

O apoio à população de Moçambique é ainda necessário e pode ser feito através do Fundo de Emergências Internacionais da Cáritas Portuguesa – IBAN PT 50 0033 0000 01090040150 12 – e através do multibanco com a Entidade 22 222 e Referência: 222 222 222.

LFS/PR

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