CEP mantém aposta na iniciação cristã

Bispos querem mais comunhão e corresponsabilidade entre os membros das comunidades católicas A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) analisou ao longo dos últimos dias “alguns caminhos pastorais mais urgentes”, na sequência do discurso de Bento XVI por ocasião da visita ad limina, em Novembro de 2007 e das reflexões do triénio 2005-2008 sobre o tema da transmissão da fé. No comunicado final da Assembleia Plenária de Primavera, que se concluiu esta Quinta-feira em Fátima, refere-se que “o actual enquadramento social, cultural e eclesial, vivido pelas comunidades cristãs, requer a revisão dos percursos da iniciação cristã, bem como a renovação das estruturas de serviço pastoral, em ordem a maior comunhão e corresponsabilidade de todos os seus membros”. “ O modelo catecumenal, capaz de integrar as dimensões doutrinal, narrativa, vivencial e celebrativa, aparece como o mais adequado para uma transmissão da fé personalizada e marcada pelo sentido comunitário”, assinalam os Bispos. O presidente da CEP, D. Jorge Ortiga, lembra que “o Papa apontou-nos caminhos para uma Igreja comunhão, para uma reorganização eclesiástica e também para uma mudança de mentalidade”. Nesse sentido, adianta o comunicado da CEP, “a paróquia continua a ser o lugar privilegiado das acções de formação, em harmonia com os movimentos e outras comunidades de referência”. “Será de valorizar, na hodierna mutação cultural, o papel da racionalidade teológica, em diálogo fecundo com outras racionalidades científicas e com a dimensão estética. Para preparar agentes e promover a corresponsabilidade consciente nos leigos, os Bispos dispõem-se a incentivar a sua formação”, prossegue o texto. O comunicado aborda a celebração do Ano Paulino, convocado por Bento XVI para assinalar os 2000 anos do nascimento de São Paulo, foi anunciada “uma celebração nacional, a realizar em Fátima, no dia 25 de Janeiro de 2009”. Foi proposto ainda que se realize uma celebração ecuménica nacional. A Assembleia decidiu publicar, em breve, uma Nota Pastoral propondo desafios para a evangelização, na esteira do grande apóstolo. Entre as propostas pastorais apontadas está um itinerário catequético intitulado “Um ano a caminhar com São Paulo”, que fará percorrer, durante 52 semanas, as principais etapas do caminho cristão. Noutro ponto, a CEP refere que, após consulta à Secretaria de Estado do Vaticano, foi esclarecido que “a Santa Sé, além das próprias Ordens Equestres pontifícias, reconhece e tutela apenas a Soberana Ordem Militar de Malta e a Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém”. Em causa, explicaram os responsáveis do organismo episcopal, está o ressurgimento de Ordens como os Templários ou a de São Miguel da Ala. Negociações com as Misericórdias A CEP votou favoravelmente o Decreto de aprovação das Normas Gerais das Associações de Fiéis, para que as Confrarias e Irmandades possam reformular os seus estatutos, “se for esse o caso”, como indicou o presidente da CEP. Particular destaque mereceram as Misericórdias, que com a “distinção entre associações públicas e privadas” são consideradas pelos Bispos como “associações públicas de fiéis”. “Este é um assunto a ser estudado”, explicou o Arcebispo de Braga. O secretário da CEP, D. Carlos Azevedo, afirmou que “a partir de agora não restarão dúvidas”, mas admite será negociado um “regime especial” com os responsáveis pela União das Misericórdias. As Associações públicas de fiéis são, de acordo com o Direito Canónico, as erectas pela competente autoridade eclesiástica (Santa Sé, Conferência Episcopal ou Bispo, consoante o respectivo âmbito de acção), tanto constituídas por iniciativa desta autoridade como pela dos fiéis. Os respectivos moderadores, necessariamente católicos, devem ser confirmados pela autoridade eclesiástica, à qual devem prestar anualmente contas e não pode, entre outras coisas, ocupar cargos de direcção em partidos políticos. As associações privadas de fiéis são as que resultam da livre iniciativa destes e para serem reconhecidas precisam de ter estatutos visados por esta autoridade. Embora gozando de maior autonomia que as públicas, as associações privadas de fiéis estão sujeitas à vigilância da autoridade eclesiástica.

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