Transmissões das celebrações litúrgicas deixam muito a desejar Concluiu-se hoje em Fátima o 31º Encontro Nacional da Pastoral Litúrgica (ENPL), subordinado ao tema “Eucaristia, vida da Igreja”. Mais de mil e quinhentos participantes de todas as dioceses de Portugal e também de Cabo Verde marcaram presença naquele que é o momento mais importante para a formação permanente em Liturgia no nosso país. Os vários momentos de formação teórica e prática tiveram como objectivo inserir a iniciativa na dinâmica do Ano da Eucaristia, lançada por João Paulo II, que a Igreja vive actualmente. O Pe. Pedro Lourenço, director do Secretariado Nacional de Liturgia (SNL), refere à Agência ECCLESIA que “procurámos estar atentos ao ritmo da Igreja, pelo que não podíamos ficar indiferentes ao apelo de João Paulo II”. Num balanço “muito positivo” da iniciativa, este responsável destaca “os momentos de partilha da experiência de cada um, vivendo a Eucaristia a nível das celebrações”. “A Eucaristia é vida a partir de uma experiência que o coração faz e as celebrações são momentos decisivos dessa experiência”, assinala. Nos quatro dias, além da formação prática e teórica, destacaram-se também os encontros sectoriais para presidentes, leitores e acólitos, para as pessoas ligadas ao ministério do canto e da música, ministros extraordinários da comunhão e animadores das celebrações dominicais na ausência de presbítero. O ENPL é considerado pelos seus participantes como um enriquecimento para o trabalho pastoral a realizar nas paróquias, movimentos e associações. O Pe. Pedro Lourenço acredita plenamente na capacidade de transpor para as comunidades locais as vivências experimentadas durante o Encontro, frisando que “todos os anos há novas pessoas na formação e isso mostra que as pessoas são tocadas e sentem a necessidade de transmitir isso aos outros”. A qualidade das celebrações durante o ENPL é explicável, segundo o director do SNL, com o “muito trabalho” que é feito antes do mesmo. O segredo está “na harmonia entre os cantores, os leitores, os acólitos, os presidentes e a assembleia”, assegura. A problemática da “dignidade” das celebrações vai estar em cima da mesa no próximo Sínodo dos Bispos (2 a 23 de Outubro), que juntará prelados de todo o mundo no Vaticano. A reflexão daí surgida será, para o Pe. Pedro Lourenço, uma oportunidade fundamental para fazer face a um “problema muito complexo”. “Nós temos vindo a reflectir sobre esse tema, mas o ENPL é uma experiência muito reduzida, para poucas pessoas, muito menos marcante do que as celebrações de cada Domingo, que podem deixar marcas positivas ou negativas”, alerta. Neste campo, o directo do SNL não deixa de apontar o dedo aos Meios de Comunicação Social “que transmitem Missas com muito pouca dignidade”. “A qualidade das transmissões deixa muito a desejar”, lamenta.