Celebração de D. Manuel Clemente junto das comunidades portuguesas e lusófonas

Caros Irmãos de Portugal e Bruxelas, aqui reunidos em torno do altar de Cristo, mesa aberta a todo o mundo! Decorrerá nos próximos dias nesta cidade a quarta sessão do Congresso Internacional para a Nova Evangelização. Depois de Viena de Áustria (2003), Paris (2004) e Lisboa (2005), e antes de Budapeste (2007), é agora a vez da capital belga, de certo modo também nossa, por ser a sede da União Europeia . Por isso, todos os que aqui nos reunimos, neste Domingo e nesta acolhedora paróquia de Sainte Croix – com especial referência a vós, queridos compatriotas, que aqui viveis e trabalhais – estamos dispostos a testemunhar a fé, que dá sentido e esperança às nossas vidas. “Nova Evangelização” não significa apenas evangelizar de novo. Procura corresponder às aberturas, interrogações e modos de comunicar dos nossos contemporâneos. E, embora seja objecto de muitas tentativas e realizações nas últimas três décadas, a Nova Evangelização não é propriamente de iniciativa nossa. É iniciativa de Cristo, na força constante do seu Espírito. De Cristo, cuja voz escutámos como se escuta um som actualíssimo: “Vinde e Vede” (Jo 1, 39). Aqui reunidos, pois, reunidos em seu nome e pelo seu convite. Sabendo-o no meio de nós, pela Palavra, pelo Sacramento e pela comunhão fraterna. Como os dois discípulos, seguimo-lo e agora permanecemos com ele. Depois, sempre como aqueles discípulos, partiremos a anunciar a todos que o encontrámos. Nos termos e nas palavras de hoje, a Nova Evangelização é o testemunho de um encontro, do nosso encontro com Cristo vivo, vida das nossas vidas. Como aconteceu com os primeiros discípulos, também algum João Batista nos indicou Cristo, que sempre passa perto… Alguém nos indicou Cristo, como “Cordeiro de Deus”, isto é como quem nos reconcilia com Deus e com o nosso verdadeiro destino de santidade e glória. E, sempre como eles, nós seguimo-lo, perguntando pela sua morada, como quem quer saber mais de Cristo, da sua pessoa e definição. E ainda como eles, ouvimo-lo responder: “Vinde e Vede!”. Neste contexto e à luz de tal verdade, insistimos: a primeira realidade da Evangelização, da nova evangelização, é o evangelizador por excelência, ou seja, o próprio Jesus Cristo. Cristo que se apresenta como quem convida à comunhão com ele. Ora, sabemos bem que este convite de Cristo só pode ressoar hoje através das comunidades cristãs, que são o seu “corpo” e a sua manifestação audível e visível no mundo. Pois bem, caros irmãos que aqui vos reunis, vindos de perto ou de longe, é o que tendes de fazer em Bruxelas, nas vossas comunidades cristãs: ser voz activa e convincente, neste tempo e nesta cultura, de Cristo que chama e convida a todos os que aqui trabalham e vivem: “Vinde e vede!”. Implica isto, porém, que aqueles que convidamos encontrem nas nossas comunidades cristãs o que os dois discípulos encontraram junto de Cristo, ou seja, o Evangelho vivo, a caridade plena, a vitória da graça. Queridos portugueses e vós todos os que aqui estais: certamente assim foi convosco quando conhecestes esta e outras comunidades cristãs de Bruxelas. Por isso, o encontro dominical e festivo vos é tão necessário e apetecido, sendo comunhão com Cristo, no seu corpo comunitário, eclesial. E, assim sendo, a nova evangelização está garantida. Sim, está garantida porque não há nenhuma experiência forte e jubilosa que possa ficar retida dentro das quatro paredes duma casa ou dum templo. Ela necessariamente se expande e encontra no próprio ímpeto comunicativo, o modo oportuno e criativo de chegar a todos e a cada um. Assim se ensaiou em Viena e em Paris, assim se continuou em Lisboa no ano passado, juntando expressões novas e antigas de anúncio e testemunho, como o pai de família as vai tirando deo seu tesouro (cf. Mt 13, 52). Sim, irmãos de Portugal e de Bruxelas, temos coisas bem antigas a comunicar, tão antigas como o primeiro anúncio que soou do evangelho, quer na palestina de Jesus quer nas nossas terras, que também são dele. A fé que tivemos a imensa graça de receber dos nossos pais e avós; a fé que nos embalou os sonhos de criança e os ideais de juventude; a fé fortalecida na catequese e nos sacramentos das nossas comunidades paroquiais… Coisas da idade do próprio evangelho, as mesmas que, essencialmente, aqueles dois discípulos aprenderam de Jesus, quando o seguiram e viram. E coisas novas também, actualizando essas antigas, com o modo e a expressão que têm hoje, num mundo tão diferente do de há dois mil anos, mas tão idêntico a ele no coração de cada ser humano a quem o único Cristo se dirige e convida ao encontro salvador. Tudo ouvimos e tudo queremos transmitir também, nesta nossas Europa que em Cristo teve e terá a sua alma, bela, verdadeira e tão generosa que acolherá a todos, na humanidade essencial e comum que o Filho de Deus quis fazer sua, para a realizar e completar em Deus. Isto sabemos, porque ouvimos; isto é o que temos para partilhar. Serão dias plenos, estes de Bruxelas, na quarta sessão do Congresso Internacional para a Nova Evangeliazação. Plenos de anúncio e de partilha, plenos de encontro e testemunho. A verdade de Cristo será mais amplamente afirmada, porque mais criativamente repartida. Cada família cristã, cada comunidade católica desta grande cidade é convidada a criar expressões e maneiras para melhor dizer e insistir : “Vinde e vede!”. Vinde connosco ao encontro de Cristo, que vos dará o melhor de vós mesmos, tantas vezes desconhecido, mas nem por isso menos real e sublime: a filiação divina, a fraternidade universal! E creio ainda, amados irmãos de Portugal e Bruxelas, estou certo e seguro de que aontecerá aqui como aconteceu já em três capitais europeias: a igreja que está em Bruxelas ficará mais convicta do muito que tem, porque se confirmará no testemunho, na oferta e no convite evangélico, durante os dias que se seguem. E todos vós, famílias e grupos aqui reunidos, reencontrareis na missão exercitada a vossa fé mais vivida, a vossa esperança mais aberta, a vossa caridade mais partilhada. Respondereis activamente ao convite de Cristo que, através de vós e evidenciando-se a ele mesmo nas vossa vidas, clamará em Bruxelas: “Vinde e vede!”. † Manuel Clemente, bispo auxiliar de Lisboa

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