«CD do Papa» aponta aos tops

Voz de Bento XVI mistura-se com música clássica contemporânea e o gregoriano

Alma Mater. É o nome do antigo hino medieval que dá título ao novo álbum musical dedicado à Virgem Maria, que conta com um convidado de luxo, Bento XVI. As palavras recitadas e cantadas pelo Papa estão na base de um álbum que mistura a tradição gregoriana e a música clássica contemporânea, com apontamentos do mundo árabe e hindu, como a ECCLESIA pôde testemunhar na apresentação do CD à imprensa mundial.

O álbum, que chega às lojas no início do tempo litúrgico que a Igreja dedica à preparação para o Natal, éapresentado este Domingo, no programa da Igreja Católica na Antena 1 (06h00) e no «70×7» (RTP 2, 09h30).

Na génese da obra está o Regina Caeli, a oração mariana dominical do tempo de Páscoa, que Bento XVI cantou pela primeira vez, enquanto Papa, no dia 1 de Maio de 2005.

Oito peças inéditas de três compositores – um católico, Stefano Mainetti; um ateu, Simon Boswell; e um muçulmano, Nour Eddine -combinam-se com as orações e reflexões sobre a Virgem Maria que o Papa apresentou no Vaticano e nas suas peregrinações por todo o mundo, em particular pelos diversos santuários marianos. Bento XVI fala em cinco línguas, incluindo o português, numa mensagem proferida no Brasil em que invoca Nossa Senhora de Fátima.

O resultado final é uma fusão surpreendente, em que até a voz do Papa surge com uma doçura a que mesmo os seus ouvintes mais fiéis não estão habituados. Somos quase sempre remetidos para um mundo cinematográfico, mais do que estritamente religioso, procurando provocar emoções e surpreender.

Neste conjunto, destaca-se a notável combinação entre a tradição musical católica e a música tradicional árabe, feita por Nour Eddine, que nunca tinha tido uma aproximação à música clássica ou ao canto gregoriano, pelo que pensava que ele estava a brincar comigo”.

“Durante duas, três horas de trabalho, inspirando-me, fiz-me rodear de todos os meus instrumentos tradicionais, peguei no alaúde, o instrumento tradicional árabe e comecei a improvisar, ouvindo o gregoriano. No princípio, não pensei em partituras, algo importante, que me ajudou, é que pensei no divino”, explica à ECCLESIA. 

Foi assim que nasceu a obra Advocata Nostra, terceira faixa do CD, uma proposta que ultrapassa, em muito, a música. “Não só levo uma mensagem de paz e de diálogo aos cristãos, mas também aos muçulmanos. Muitos deles acreditam que o mundo cristão é um mundo fechado e este álbum é uma prova concreta de que não é assim e é uma mensagem para que os muçulmanos se concentrem, também, num futuro de paz e de coexistência”, indica Nour Eddine. 

[[a,d,703,Bento XVI canta Regina Caeli]]Na obra encontramos 8 breves passagens com a voz do Papa, com orações e reflexões, geralmente de carácter mariano. Sete são em tom recitativo, misturando-se com a música e uma passagem de canto, o referido Regina Caeli, num total de nove minutos e 47 segundos de intervenções papais, misturadas com as vozes do coro da Academia Filarmónica de Roma e a «Royal Philarmonic Orchestra», de Londres, que gravou nos famosos estúdios de Abbey Road.

Além da presença de Nour Eddine na faixa em que se canta o hino Alma Redemptoris Mater, que dá título ao álbum, é de assinalar a presença de Yasemin Sannino, soprano nascida em Istambul, que se mistura com a voz de Bento XVI na sétima faixa do CD.

Esta produção é fruto de um acordo discográfico entre a Geffen/Universal, uma das principais editoras mundiais, e a San Paolo Multimedia, etiqueta dos Paulistas. Parte das receitas provenientes da venda será direccionada para a educação musical de crianças pobres dos cinco continentes.

No lançamentos mundial da obra, o Pe. Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, destacou que não se trata de um “disco do Papa”, mas de um álbum que foi inspirado nele e que Bento XVI está “muito disponível para as propostas dos seus colaboradores” no que diz respeito a formas inovadoras de evangelização, com novas linguagens, utilizando as novas tecnologias e promovendo novas relações.

“O Papa está consciente da necessidade de busca positiva de novas linguagens” artísticas e musicais, assinalou.

A Rádio Vaticano (RV) e o CTV, dada a “experimentalidade deste produto”, usaram de “grande prudência” quanto ao uso da voz e da imagem do Papa, evitando fazer “business” (sic) com as mesmas. Receberam apenas 25 mil Euros, no caso da RV, e  menos de 7 mil, quanto ao CTV.

Colin Barlow, presidente da Geffen/Reino Unido, falou numa “história extraordinária” e num álbum de “absoluta beleza”.“Temos um álbum muito especial, no qual estamos todos orgulhosos por ter participado”, assegurou.

Sobre o número de álbuns que espera vender, Barlow admitiu que este deve ser um “álbum muito popular”. “Podemos vender muitas cópias”, disse, destacando que o “Alma Mater” chegará a todo o mundo e a todos os mercados.

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