Cardeal D. Luis Antonio Tagle alerta para lugares no mundo onde «a vida é lentamente estrangulada desde o início»
Lisboa, 18 mai 2020 (Ecclesia) – O presidente da Confederação Internacional da Cáritas associou-se à celebração da Semana Laudato Si’, convocada pelo Papa Francisco para promover uma maior consciência ecológica, alertando para as condições precárias de milhões de pessoas em todo o planeta.
“Nalgumas partes do mundo, os bebés nascem, as crianças crescem e os adultos enfrentam o fim das suas vidas vivendo e trabalhando no lixo venenoso, criado e descartado por outros. Noutras partes, as pessoas vivem na corda bamba entre inundações e secas e graves injustiças. Nesses lugares, a vida é lentamente estrangulada desde o início”, explica D. Luis Antonio Tagle.
Numa mensagem para a ‘Semana Laudato Si’, que termina no próximo domingo, o presidente da ‘Caritas Internationalis’ acrescenta que “este não é o projeto de Deus para a humanidade e para a Terra”.
“Quanto mais rápida é a vida, mais consumimos, mais desperdiçamos e movemo-nos mais longe de Deus e dos pobres. Com esse consumo excessivo, surge um peso – não apenas físico, mas também espiritual. Reunimos tantas coisas nas nossas cabeças e vidas que mais um pensamento, facto ou responsabilidade nos leva à letargia”, acrescenta.
O Papa Francisco convidou os católicos a celebrar Semana ‘Laudato Si’ – 16 a 26 de maio -, assinalando o quinto aniversário da sua encíclica ecológica e social e D. Luis Antonio Tagle lembra que, nesse documento, o pontífice estabelece o caminho para uma “conversão ecológica” global e, neste contexto, convida “toda a família Cáritas” para a visão estratégica ‘Uma família humana, cuidando da criação’.
O presidente da Confederação Internacional da Cáritas explica que nesta organização global da Igreja Católica testemunhou “o poder do amor ativo em ação” no meio da crise ecológica global, com os colaboradores da Caritas “constroem laços de solidariedade” com as pessoas que vivem nos montes de lixo e “reforçam a dignidade dos mais pobres que são atingidos pelas mudanças climáticas”.
O cardeal Tagle salienta que os voluntários da Cáritas acompanham pessoas em todo o mundo nos “seus esforços para construir as suas vidas e lares e enviar seus filhos para a escola”.
“Caritas é a Palavra de Deus viva nas comunidades pobres do mundo. É um rio de amor e esperança que flui livremente, que nutre e tem um enorme poder natural para provocar mudanças”, destaca .
Neste contexto, o colaborador do Papa acrescenta que como Cáritas e membros da família humana, todos têm “um papel a desempenhar nesta revolução ecológica para a qual Francisco convidou” e devem “fortalecer os laços” entre organizações para trabalhar “melhor juntos”, reunindo recursos, partilhando informações e apoiando-se uns aos outros, para mostrar que “é possível que pessoas de boa vontade restaurem a esperança juntos”.
Na sua mensagem, o presidente da Confederação Internacional da Cáritas considera necessário “moldar uma espiritualidade” que convide políticos, empresários, artistas, educadores, cientistas e construtores a trabalhar “pelo bem comum, respeitando a dignidade de cada pessoa, especialmente dos pobres e mais vulneráveis”.
A Cáritas Portuguesa, no seu sítio online, explica que o caminho “em direção a uma vida sustentável na Terra”, para todos e cada um, “exige estilos de vida sóbrios, juntamente com mudanças de comportamento e à escala global” e convida à participar na oração mundial da ‘Semana Laudato Si’, às 12h00, de domingo.
CB/OC
Igreja/Ambiente: Papa convida a celebrar «Semana Laudato Si», com maior consciência ecológica