Cardeal Zen admite afastar-se

O Cardeal Joseph Zen, bispo de Hong Kong, anunciou à imprensa que está disposto a apresentar a sua resignação a Bento XVI para ajudar o Vaticano a restabelecer relações diplomáticas com a China continental. Citado pelo diário de língua chinesa Apple Daily, D. Joseph Zen disse que o Papa “é uma pessoa racional e acredita que a questão do continente chinês é muito mais importante do que Hong Kong”. O Cardeal Zen é conhecido pela sua oposição ao regime chinês e pela defesa dos direitos humanos. Para o restabelecimento de relações diplomáticas, a China exige que o Vaticano deixe de reconhecer Taiwan como país independente (obtendo aparentemente o consentimento do Vaticano, neste ponto) e que aceite também a nomeação dos bispos chineses por parte da Associação Patriótica Católica (APC), controlada pelo Estado. Nesta questão, contudo, a posição da Santa Sé tem-se mantido inalterável. A nomeação dos bispos representa hoje o principal obstáculo à normalização das relações bilaterais. O Cardeal Zen defendeu, em Maio do ano passado, a suspensão das negociações por “má conduta” da China, por ter ordenado bispos sem o conhecimento e a aprovação por parte do Vaticano. Embora o Partido Comunista Chinês se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica “clandestina”, ligada ao Papa e fora do controlo de Pequim, conta mais de 8 milhões de fiéis. Bento XVI convocou para o passado fim-de-semana uma reunião especial no Vaticano para abordar “os problemas eclesiais mais graves e urgentes, que esperam uma adequada solução em relação aos princípios fundamentais da constituições divina da Igreja e da liberdade religiosa”. Segundo comunicado oficial da sala de imprensa da Santa Sé, os responsáveis da Cúria Romana e da Igreja asiática presentes no Vaticano asseguraram a sua vontade de trabalhar para uma “normalização das relações” com a China, a vários níveis e de “prosseguir um caminho de diálogo respeitoso e construtivo com as autoridades governamentais, para ultrapassar as incompreensões do passado”.

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