Cardeal-Patriarca recusa protagonismo político para a Igreja no 30º aniversário do 25 de Abril

«A Igreja não é de esquerda, nem de direita» defende o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Policarpo, assinalou hoje o 30º aniversário da “Revolução de Abril”, recordando que “a Igreja não é de esquerda, nem de direita” e recusando, por isso, qualquer espécie de protagonismo político. Falando em nome do episcopado português, o Cardeal-Patriarca de Lisboa referiu que “nós, os Pastores, não nos imiscuímos na política partidária; desafiamos os fiéis leigos a empenharem-se, com a lucidez e o espírito pascal, em todas as frentes onde se decida a construção de um Portugal democrático com qualidade, com generosidade, com a lucidez das opções claras e da definição de objectivos válidos”. “Através deles a Igreja tem de estar na política, porque quer participar na construção de um Portugal melhor”, acrescentou no discurso de abertura dos trabalhos da 156ª Assembleia Plenária da CEP. D. José Policarpo falou ainda nas muitas análises sobre os trinta anos depois de Abril, de modo especial nas que fazem referência ao papel da Igreja no Portugal democrático, e disse que estas se situam “num leque muito aberto, que vai daqueles que a acusam de se ter aliado à direita e ter sido uma das forças que contrariou Abril, até aos que gostariam, no momento presente da nossa vida nacional, de a ver mais interventiva”. “Reconheço claramente que tanto à esquerda, como à direita, há modelos de sociedade que não cabem no quadro da doutrina social da Igreja”, apontou. O presidente da CEP quis deixar claro que “este aniversário, a Igreja também o celebra e saúda todos aqueles e aquelas que, neste período de tempo, lutaram com generosidade e ideal para ajudarem a construir o quadro institucional que garanta o progresso, a harmonia e a paz”. O Cardeal-Patriarca alertou para os perigos da “rotina de mecanismos democráticos formais”, referindo que “é preciso enriquecer o nosso conviver com a educação, o alargar o acesso à cultura, aprofundar o discernimento lúcido dos problemas e das soluções, criar consensos para aquelas que não podem esperar ou ficar sujeitas à dialéctica da luta política”. “Queremos participar, com os meios ao nosso alcance, para o aprofundamento contínuo da nossa vida comum, em democracia”, assumiu. D. José Policarpo recordou que, há 30 anos, a Conferência Episcopal estava reunida em Fátima, exactamente na reunião da segunda semana da Páscoa. Na ocasião, os “Bispos da Metrópole” fizeram referência “aos acontecimentos de carácter Nacional que são do conhecimento público, os quais não deixarão de ter profundas repercussões na vida do povo de que têm a responsabilidade pastoral”. “Estamo-lhes gratos por esse testemunho de serenidade, confiança e discernimento pastoral”, disse hoje o presidente da CEP. Notícias relacionadas • Discurso do Presidente da CEP na abertura dos trabalhos da 156ª Assembleia Plenária

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