Os 115 Cardeais eleitores entraram ontem na Casa de Santa Marta, que os hospedará durante o tempo do Conclave. Eles foram acompanhados por colaboradores até à porta da residência, mas entraram a sós, ajudados por pessoal do Vaticano que também prestou juramento de silêncio sobre tudo o que rodear a eleição do novo Papa. Todos os Cardeais ficam impedidos de comunicar com o exterior e apenas poderão deslocar-se em percursos protegidos, dentro do Vaticano. As 106 suites e os outros quartos foram distribuídos por sorteio. Em 1978, os Cardeais eleitores partilhavam um andar que só tinha seis casas-de- banho. A “Domus Sancta Marthae” oferece, por isso, um conforto inexistente nas celas contíguas à Capela Sixtina. A entrada de 115 Cardeais para o conclave que, a partir de hoje à tarde, elegerá o sucessor do Papa João Paulo II será seguida pelas câmaras de televisão e presenciada por testemunhas tiradas à sorte. O Centro Televisivo do Vaticano (CTV), a Rádio Vaticana, o L’Osservatore Romano, os fotógrafos e o Serviço de Imprensa da Santa Sé serão os únicos a poder assistir e registar a procissão de entrada, às 16h30 (15h30 de Lisboa). Os Conclaves do último século duraram em média quatro dias: o mais longo precisou de cinco dias e 14 votações, em 1922, para eleger Achille Ratti como Pio XI; o mais curto foi em 1939, resolveu-se em dois dias e três votações, elegendo Eugenio Pacelli como Papa Pio XII. A afluência de peregrinos a Roma nos próximos dias deve, por isso, intensificar-se. As autoridades locais já anunciaram estar preparadas, após a experiência das exéquias de João Paulo II.