Cardeais destacam santidade da Irmã Lúcia

D. Tarcisio Bertone e D. José Saraiva Martins apoiariam pedido de antecipação do processo de beatificação O Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano, deixou transparecer hoje em Fátima o seu apoio a um eventual pedido de antecipação do início do processo de beatificação da Irmã Lúcia, falecida em Fevereiro de 2005. Em conferência de imprensa na nova igreja de Fátima, o Cardeal lembrou vários traços da personalidade da Vidente, tais como “a alegria, o bom humor e a ironia”, referindo aos jornalistas que seria fácil “intuir” a sua opinião perante a possibilidade de o Papa dispensar o período de espera de 5 anos após a morte da Irmã Lúcia. Esta é uma decisão que compete exclusivamente a Bento XVI, ideia reforçada pelo Cardeal Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Lembrando casos passados – Madre Teresa de Calcutá e João Paulo II -, em que esse período de espera foi eliminado, o Cardeal português frisou “não sei se o Papa dispensaria esse período” no caso de Lúcia (faltam 2 anos e 4 meses, neste momento). Perante a insistência dos jornalistas, D. José Saraiva Martins admitiu que “não me desgostaria” essa antecipação. “Para mim e para todos, Lúcia é uma santa”, indicou, recordando também os seus encontros com a Vidente, “uma pessoa de Deus, uma santa”. Como curiosidade, o Cardeal lembrou um episódio acontecido em 1999, quando a religiosa lhe pediu que João Paulo II viesse beatificar os Pastorinhos a Fátima e não em Roma, “caso contrário não lhe mandava mais terços”. O Cardeal Bertone, por seu lado, falou de uma “grande comunicadora” que a muitos parecia “falar demasiado” por ter “uma palavra fácil”. A intervenção teve lugar após a apresentação da edição em Português da sua obra “L´Ultima Veggente di Fatima: I miei colloqui con Suor Lucia” – A Última Vidente de Fátima – As Minhas Conversas com a Irmã Lúcia, obra que contou com a colaboração do jornalista e escritor italiano Giuseppe De Carli. De Carli disse que o livro permite conhecer a personalidade da Irmã Lúcia e do Cardeal Bertone, ajudando ainda ao “encontro com o mistério de João Paulo II” e a uma melhor compreensão do pontificado de Bento XVI. A Irmã Lúcia faleceu em Coimbra, no dia 13 de Fevereiro de 2005, aos 97 anos. Depois das Aparições de 1917, das quais foi a principal mensageira, a Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado entrou para a vida de consagração religiosa em 1925 e professou como Doroteia na cidade de Tuy, em Espanha, no ano de 1928. Fez votos perpétuos no dia 13 de Outubro de 1934. Tornou-se Carmelita em Coimbra, no Carmelo de S. Teresa, no dia 25 de Março de 1948, onde permaneceu até à sua morte. O Cardeal Bertone referiu-se aos escritos de Lúcia nas duas homilias que pronunciou nestes dias e defendeu que a sua “riqueza de comunicação” pode ajudar a transmitir a fé, apesar de admitir que alguns responsáveis possam sentir “pudor” em citá-la por ainda não ter sido beatificada. Quanto à nova igreja de Fátima, o braço direito de Bento XVI lembra que a decisão de a dedicar à Santíssima Trindade “corresponde à revelação e intuição” da Irmã Lúcia, enquanto que o Cardeal Saraiva Martins disse que o edifício consagra “a dimensão trinitária” das aparições. Antes desta igreja, disse, “faltava algo de muito importante em Fátima”. Bento XVI Outra questão muito referida nestes dias, a possibilidade de Bento XVI visitar Portugal no próximo ano, mereceu da parte do Cardeal Bertone breves comentários, indicando que “no programa actual para 2008 não há nenhuma viagem marcada a Fátima”. Depois de referir que Bento XVI “ama Fátima” e que até já esteve no Santuário, “mas não como Papa”, o Secretário de Estado do Vaticano não quis descartar uma possível visita, assinalando que, apesar de “as viagens intercontinentais já estarem decididas”, as viagens à Europa “são mais fáceis”.

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