Canonizações: Depoimento do cardeal Bergoglio sobre João Paulo II destacava «virtudes heroicas»

Papa argentino foi uma das pessoas ouvidas no processo diocesano, em Roma

Cidade do Vaticano, 23 abr 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco foi uma das personalidades da Igreja que depôs no processo de canonização de João Paulo II, em 2005, no Tribunal da Diocese de Roma.

“Não hesito em afirmar que João Paulo II, a meu ver, exerceu todas as virtudes, num sentido global, de forma heroica, dado à constância, ao equilíbrio e à serenidade com que viveu toda a sua existência. E isto foi visível aos olhos de todos, também de não-católicos e daqueles que professam outras religiões, assim como dos agnósticos”, declarou o então cardeal Jorge Mario Bergoglio, citado hoje pelo jornal católico italiano ‘Avvenire’ e o portal de notícias do Vaticano.

O atual Papa recordou os encontros com o futuro santo, que vai canonizar este domingo, e destacou “o seu olhar, que era de um homem bom”, “a sua grande capacidade de escuta em relação a todos” e também “a memória quase sem limites”.

Jorge Mario Bergoglio relata, em particular, um encontro que decorreu durante a visita dos bispos católicos da Argentina à Santa Sé, em 2002.

“João Paulo II estava ajoelhado na sua capela privada em atitude de oração, e vi que de quando em quando ele lia alguma coisa escrita numa folha que tinha diante de si, e após apoiava a testa sobre as mãos. Era evidente que rezava com muita intensidade por aquilo, que penso ser, uma intenção que estava escrita naquele papel”, recordou.

Sobre a última fase da vida de Karol Wojtyla (1920-2005), o Papa sublinhava que “João Paulo II ensinou, não escondendo nada dos outros, a sofrer e a morrer”.

Francisco recordou no último dia 2 de abril o 9.º aniversário da morte do Beato João Paulo II, numa saudação aos peregrinos polacos que participaram na audiência pública semanal, destacando o “património de fé” do futuro santo.

“Imitando Cristo, foi para o mundo um pregador incansável da Palavra de Deus, da verdade e do bem: ele fez o bem mesmo com o seu sofrimento. Este foi o magistério da sua vida ao qual o Povo de Deus respondeu com grande amor e estima”, declarou Francisco, perante dezenas de milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro.

O Papa argentino aludiu à próxima canonização de João Paulo II e afirmou que este acontecimento deve ser uma ocasião para “prepara-se espiritualmente e para reavivar o património de fé por ele deixado”.

Karol Jozef Wojtyla, eleito Papa a 16 de outubro de 1978, nasceu em Wadowice (Polónia), a 18 de maio de 1920, e morreu no Vaticano, a 2 de abril de 2005.

Entre os seus principais documentos, contam-se 14 encíclicas, 15 exortações apostólicas, 11 constituições apostólicas e 45 cartas apostólicas; realizou 104 viagens internacionais, incluindo três visitas a Portugal, em 1982, 1991 e 2000.

De acordo com o direito canónico, para a canonização era necessário um novo milagre atribuível à intercessão do beato, o qual foi aprovado por Francisco a 5 de julho de 2013.

O milagre diz respeito à cura de uma mulher da Costa Rica, Floribhet Mora, que teve lugar na tarde de 1 de maio de 2011, dia em que o Papa polaco foi proclamado beato por Bento XVI na Praça de São Pedro.

“A mulher, afetada por uma grave lesão cerebral, rezou a João Paulo II e foi curada. Graças à intercessão do beato, toda a família desta mulher reencontrou a fé: quase um duplo milagre”, refere o site oficial da causa de canonização.

OC

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