Responsáveis sublinham importância de prosseguir caminho de reconciliação
Lisboa, 26 jul 2022 (Ecclesia) – O primeiro-ministro e a governadora-geral do Canadá destacaram, esta segunda-feira, o pedido de perdão apresentado pelo Papa às comunidades indígenas do país.
“A reconciliação é responsabilidade de todos os canadianos. É nossa responsabilidade estar abertos, ouvir e partilhar. É nossa responsabilidade ver as nossas diferenças não como um obstáculo, mas como uma oportunidade de aprender, de nos entendermos melhor e de agir”, escreveu Justin Trudeau, que acompanhou o encontro de Francisco com sobreviventes das escolas residenciais, em Maskwacis, na Província de Alberta.
O chefe do Governo recordou que Francisco “reconheceu os abusos sofridos nas escolas residenciais que resultaram em destruição cultural, perda de vidas e traumas contínuos vividos por Povos Indígenas em todas as regiões”.
Mais de 150 mil crianças indígenas foram retiradas das suas famílias e comunidades para frequentar internatos, entre os séculos XIX e XX.
Em 2015, a Comissão de Verdade e Reconciliação divulgou um relatório, no qual apelava a um pedido de desculpas aos sobreviventes, suas famílias e comunidades pelo papel da Igreja Católica neste processo, que levou à supressão das línguas, cultura e espiritualidade autóctones.
“Ninguém deve esquecer o que aconteceu nas escolas residenciais em todo o Canadá e todos devemos garantir que isso nunca aconteça de novo”, destacou Trudeau.
Já a governadora-geral Mary Mey Simon, primeira indígena do Canadá a assumir o cargo, recordou as crianças “cruelmente retiradas das suas casas” e as famílias separadas, durante décadas, elogiando as palavras do Papa, que manifestou “profunda tristeza, arrependimento e horror pelos abusos sofridos no sistema escolar residencial”.
“Hoje foi um dia que nos faz avançar, dando voz aos sobreviventes”, indicou.
Mary Mey Simon observou que, para os povos indígenas, “este não é o começo nem o fim da jornada de cura”.
Em 2021 foram descobertas centenas de sepulturas anónimas junto de antigas escolas residenciais indígenas; várias destas instituições pertenciam à rede de escolas administrada pela Igreja Católica, destinadas à “reeducação” de crianças indígenas, com o apoio do Governo canadiano.
A Igreja Católica assumiu o compromisso de promover uma angariação de fundos em todas as regiões do Canadá para apoiar iniciativas assumidas localmente com os parceiros indígenas.
Em 2015, após sete anos de pesquisa, a Comissão de Verdade e Reconciliação do Canadá divulgou um relatório sobre escolas residenciais, revelando que entre 1890 e 1996 mais de 3 mil crianças morreram por causa de doenças, fome, frio e outros motivos.
Francisco é o segundo Papa a visitar o país, depois das três visitas realizadas por São João Paulo II.
OC