Anúncio da Conferência Episcopal, após descoberta de túmulos anónimos junto a instituições de ensino
Lisboa, 30 jun 2021 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal do Canadá (CCCB) anunciou que uma delegação de povos indígenas se vai encontrar com o Papa em dezembro, promovendo um momento de “diálogo e cura”.
“O Papa Francisco está profundamente comprometido em escutar diretamente os povos indígenas, expressando a sua proximidade sincera, abordando o impacto da colonização e o papel da Igreja no sistema escolar residencial, na esperança de responder ao sofrimento dos povos indígenas”, refere uma nota divulgada pelos bispos católicos.
Quatro igrejas católicas foram incendiadas, nos últimos dias, após a descoberta de cerca de mil sepulturas não identificadas de crianças indígenas na província da Colúmbia Britânica, no Canadá.
As igrejas de Santa Ana e de Chopaka, em territórios de povos originários, ficaram destruídas pelas chamadas, este sábado de manhã, com uma hora de diferença, informou a Polícia local.
A 21 de junho, Dia Nacional dos Povos Indígenas, outras duas igrejas, em Penticton e Oliver, tinham sido atingida pelo fogo, sem registo de pessoas feridas.
Os bispos católicos de Saskatchewan, no Canadá, manifestaram a sua solidariedade com a “experiência dolorosa e devastadora” dos povos indígenas, após a descoberta de750 sepulturas anónimas junto a uma instituição educativa.
No início do mês tinham sido descobertos restos mortais de 215 crianças, alunos da Kamloops Indian Residential School (Escola Residencial Indígena Kamloops).
Várias destas instituições pertenciam à rede de escolas administrada pela Igreja Católica e destinada à “reeducação” de crianças indígenas, com o apoio do Governo canadiano.
A delegação de povos indígenas do Canadá vai estar no Vaticano de 17 a 20 de dezembro, incluindo representantes das “Primeiras Nações” e sobreviventes das chamadas “Escolas Residenciais”.
A CCCB adianta que Francisco vai promover “reuniões pessoais com cada um dos três grupos distintos de delegados – Primeiras Nações, Métis e Inuit -, assim como uma audiência final com todos os delegados, juntos, no dia 20 de dezembro”.
Em 2015, após sete anos de pesquisa, a Comissão de Verdade e Reconciliação do Canadá divulgou um relatório sobre escolas residenciais, revelando que entre 1890 e 1996 mais de 3 mil crianças morreram por causa de doenças, fome, frio e outros motivos.
A 6 de junho, o Papa reagiu à descoberta de restos mortais de 215 crianças numa instituição católica.
“As autoridades políticas e religiosas do Canadá devem continuar a colaborar com determinação para fazer luz sobre este triste acontecimento, empenhando-se humildemente num caminho de reconciliação e cura”, apelou.
A modalidade de internato administrado pelo governo e por autoridades religiosas, nos séculos XIX e XX, tinha por objetivo “reeducar” crianças indígenas, retiradas das suas famílias, suprimindo línguas e culturas ancestrais.
OC