Campanha eleitoral, pobreza e alegria marcam dias dos voluntários de Coimbra no Brasil

Os 10 missionários do grupo de voluntariado missionário da diocese de Coimbra, JP2, regista o trabalho diário que desenvolvem na cidade de Chapadinha, no Nordeste brasileiro, onde se encontram até ao final do mês. Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o grupo regista que o Brasil está num frenesim para as eleições de Outubro. “Diariamente desde as 6h da manhã as 23h os candidatos fazem um barulho ensurdecedor que no entanto não abafa a miséria deste povo”. “Talvez esta seja uma forma ardilosa de calar a miséria, o que é certo é que ela existe e não é preciso indagar muito, basta sair a porta de casa e ai está ela, disfarçada ou às claras, fruto de muitos factores, sendo o maior a corrupção da classe política”. O comunicado indica que o povo “tem sido uma voz profética”. O trabalho dos cristãos padres, religiosos e de todos os baptizados mais comprometidos na vida eclesial “tem sido o de denunciar e formar a consciência”. No entanto, este não é um trabalho fácil. “Diante de uma Europa (e às vezes de uma Igreja) tantas vezes aburguesada e instalada aqui todos temos sido interpelados a re-aprender alguns conceitos fundamentais como o da escuta delicada e demorada, o do consolo próximo sem esmagar mas também não tão distante que se torna frio, o do silêncio diante de tantas lágrimas e acima de tudo este é um tempo de benção onde vamos procurando re-aprender também o essencial da vida e da fé”. Dia 10, a comunidade do Bairro do Campo Velho, onde vivem cerca de 10.000 pessoas, acolheu uma imagem de Nossa Senhora de Fátima oferecida pelo Santuário de Fátima. O grupo de missionários portugueses destacam “a procissão de acolhimento à imagem antes da eucaristia, a eucaristia celebrada com muito entusiasmo, fé e alegria e o momento de colocação da imagem no pedestal onde ficará à veneração dos fiéis”. Outro momento “tocante para todos” foi o testemunho de um homem da comunidade que abraçava os missionários e dizia: “tenho 63 anos e hoje foi o dia mais feliz da minha vida, obrigado”. “Outro dos momentos foi quando uma senhora da comunidade, cega, nos pediu para tocar a imagem e assim a puder “ver”. No final disse: “obrigado por me deixar tocar o céu”. São momentos destes, de encontro, de relação, de acolhimento e celebração que vão fazendo o itinerário da missão JP2 na Chapadinha”. Durante a semana, depois da experiência no Bairro do Campo Velho, enquanto decorre a semana da família no Brasil, foi tempo para um trabalho de visita às famílias e aos doentes do bairro da Aparecida. Em todas as casas, o grupo regista “o mesmo acolhimento simpático e fraterno”. “Todos têm muito gosto em ouvir, desejam que lhes falemos de Deus e de muitas outras realidades, fazem perguntas, rezamos juntos uma pequena oração”, apontam. Três jovens do grupo acompanhados pelo Pe. Luís Miranda e pelo Pe. Casimiro (Missionário da Boa Nova há 30 anos em Chapadinha) fizeram também durante a semana visita às comunidades do interior. Esse foi um tempo de Missão “todo o terreno”. A viagem é dura, num velho jipe, por caminhos íngremes. “Entre pneu furado, jipe atolado na lama de alguns caminhos ou rios, lá se chega sãos e salvos às diferentes comunidades”. Os missionários registam que à chegada se percebe o tom de festa desse dia. “Todos se reúnem na capela, ali se canta, reza, e se celebram diferentes sacramentos. Na eucaristia há baptismos, primeira comunhão, casamentos. Tudo com grande simplicidade. Os padres missionários, devido à extensão da paróquia (3000km quadrados) só podem passar ali duas vezes por ano e visitar cada uma das comunidades”. “Na simplicidade de um quotidiano cheio de muitas histórias para contar pressente-se a brisa suave, por entre um calor escaldante, daquela presença de Deus que nos diz: vai…sou eu quem te envio!” Notícias relacionadas Grupo missionário de Coimbra relata primeira semana no Brasil

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