Compostela vive um ano especial com a abertura da Porta Santa, no ano em que o dia de São Tiago é celebrado ao domingo
Lisboa, 23 jul 2021 (Ecclesia) – O padre Francisco Mendes, pároco da Charneca da Caparica, diocese de Setúbal, e peregrino de Santiago de Compostela disse à Agência ECCLESIA que é necessário maior aposta na dimensão espiritual nesta peregrinação.
“Há uma maior aposta dos municípios na divulgação do caminho mas, raras vezes está vocacionado para transmitir a dimensão espiritual. Claro que interessa uma certa dimensão turística, divulgação do património e uma certa divulgação cultural, isso em si também não é mal porque as duas coisas não são inimigas, mas como itinerário espiritual às vezes sinto que falta ainda a Igreja em Portugal ter esta aposta na peregrinação a Santiago”, defende o sacerdote no programa ECCLESIA, desta sexta-feira, na RTP 2.
O padre Francisco Mendes refere que há a “aposta na peregrinação a Fátima”, até nas peregrinações “mais locais”, mas que há a necessidade de reforçar a peregrinação em comunidade, como “experiência de fé”, até para se fugir da rotina.
Compostela, na Galiza, vive um ano central e especial, “cada vez que o dia de São Tiago, 25 de julho, é ao domingo”, há o privilégio antigo de ter “uma Porta Santa e dar privilégios espirituais”.
“Santiago está a receber peregrinos, nunca deixou de receber apesar da pandemia e de ter ficado bastante limitado aquando das épocas mais duras da pandemia, porque na Galiza não tem sido épocas fáceis”, recorda.
O padre Francisco Mendes deixou-se atrair pelo caminho de Santiago através da interpelação das “heráldicas municipais” de Setúbal, de onde é natural, uma vez que, “em todas praticamente está presente uma cruz de Santiago”.
“É um daqueles sinais que lá está que podia não significar nada mas, como as providências de Deus são assim, aquele sinal fez-me sempre interrogar muito acerca da herança espiritual daquela ordem que presidiu durante sete séculos aos destinos religiosos daquela terra”, acrescenta.
O sacerdote já fez o caminho sozinho e com grupos, “numa experiência que nunca se acaba sozinho” e mantém amigos do caminho.
“Eu já fiz o caminho sozinho. Mas foi uma experiência, que se deve fazer uma vez na vida, e nunca se acaba sozinho porque acabamos sempre por encontrar imensa gente ao longo do caminho, de quem nos tornamos amigos e próximos, amizades que duram até hoje”; conclui o sacerdote da Diocese de Setúbal
HM/SN