Camarões: Bispo apela à Europa por ajuda na criação de empregos em África para combater miséria e migração

«Se as pessoas tivessem acesso a empregos e oportunidades económicas nos seus países de origem, não sentiriam a necessidade de emigrar» – D. Bruno Ateba.

Foto: Fundação AIS

Königstein, Alemanha, 08 nov 2023 (Ecclesia) – O bispo Bruno Ateba, da Diocese de Maroua-Mokolo, no extremo norte dos Camarões, apelou à Europa por ajuda na criação de empregos a nível local, em África, de forma a combater a miséria e a migração.

“Se a Europa colaborasse na criação de emprego nos nossos países, não teríamos o problema que estamos a enfrentar atualmente a nível global”, afirmou o bispo, citado hoje pela fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), que esteve na sede internacional da AIS, na Alemanha, após uma visita ‘ad Limina’ a Roma, onde esteve com o Papa Francisco.

De acordo com D. Bruno Ateba, é necessário ajudar todos os que tentam escapar à pobreza que se vive em muitos países africanos e que arriscam tudo em viagens em busca de uma vida melhor que, muitas vezes, acabam de forma dramática.

“Estas pessoas não têm medo de nada, porque não têm nada a perder e, além disso, estão sujeitas a uma grande pressão social, pelo que, mesmo que tenham de atravessar primeiro o deserto do Saara e depois o oceano, não hesitam. Muitos deles morrem”, explica.

Para o bispo camaronês, a Europa é importante para ajudar a travar que o cenário escale.

“Se as pessoas tivessem acesso a empregos e oportunidades económicas nos seus países de origem, não sentiriam a necessidade de emigrar. Há uma ligação clara entre a realidade das pessoas deslocadas, a emigração e a falta de um futuro estável”, apontou D. Bruno Ateba.

Os Camarões é um dos países em que esta situação se verifica: “Após 50 anos de independência, ainda não há indústria, nem modelo económico. Muitos sentem-se obrigados a partir por falta de oportunidades. Se queremos mudar esta situação, temos de encontrar uma solução sustentável para travar o êxodo dos nossos jovens”.

Além da migração, o terrorismo é também uma preocupação que merece atenção, tendo sido esta uma questão abordada por D. Ateba no encontro com o Papa em Roma.

O bispo falou com Francisco sobre as prioridades pastorais, nomeadamente o empenho pastoral das viúvas, órfãos e refugiados que procuram abrigo na diocese devido ao conflito com os terroristas do grupo islamita Boko Haram, informa a fundação pontifícia AIS.

“Disse-lhe que estamos muito preocupados com uma pastoral de proximidade, como a que ele encorajou, destinada a escutar, acolher, ajudar e acompanhar todos aqueles cujas vidas foram viradas do avesso pela violência e pela instabilidade”, referiu.

De forma a incluir oportunidades de formação profissional e de criação de emprego nas propostas pastorais, D. Bruno Ateba encontra-se a desenvolver esforços, no sentido de ajudar os jovens deslocados internos a tornarem-se ativos na sociedade.

Segundo o bispo, um dos exemplos é “o centro de atividades para jovens financiado pela fundação AIS no campo de refugiados de Minawao, na paróquia de Zamay, onde vivem 80 mil refugiados da vizinha Nigéria que fugiram do Boko Haram”.

LJ/OC

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