«Brexit»: Presidente da Conferência Episcopal inglesa diz que saída da União Europeia «não foi uma vitória do populismo»

Cardeal Nichols anuncia encontro com o Papa, com imãs muçulmanos

Paulo Rocha, enviado da Agência ECCLESIA a Barcelona

Barcelona, Espanha, 29 mar 2017 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal de Inglaterra e Gales, cardeal Vincent Nichols, afirmou hoje que o ‘Brexit’ é sinal de “insatisfação” com o projeto comunitário e não uma vitória do populismo no Reino Unido.

“Não foi uma vitória do populismo, penso que revela uma insatisfação de muito tempo”, que derivou da perda de “visão da União Europeia”, sublinhou em declarações conjuntas a jornalistas de vários meios, incluindo a Agência ECCLESIA, à margem de um simpósio que reúne bispos europeus em Barcelona.

Para o arcebispo de Westminster, o “drama” da crise dos refugiados não é o assunto mais relevante na questão do ‘Brexit’, apesar de ter estado presente na campanha, mas criticou os discursos que promovem o “medo” do outro, lamentando respostas “isoladas” dos vários países europeus, o que representou um “falhanço” do projeto comunitário.

O cardeal Nichols assinala que o Reino Unido viu crescer um discurso de rejeição da tentativa de “integração política” dos vários Estados-membros na União Europeia, numa espécie de “unificação europeia”.

“Não se trata de dinheiro, de Economia, trata-se de um sentido de identidade”, acrescentou.

Para o responsável católico, o “projeto de viver juntos em harmonia” na Europa encontra na Igreja um “testemunho importante”.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou hoje no parlamento, depois de notificar Bruxelas formalmente do ‘Brexit’, que a ativação do artigo 50.º do Tratado de Lisboa, que lança formalmente o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, “é irreversível”.

D. Vincent Nichols disse depois que existe um “medo do extremismo violento” e que os ataques terroristas representam uma “verdadeira batalha” pela paz e a estabilidade.

Já no caso do ataque de Londres, na última semana, defendeu a necessidade de “olhar com cuidado para cada situação” e não associar automaticamente o terrorismo ao Islão.

“O extremismo cresce no coração em qualquer cultura”, sustentou o arcebispo de Westminster, antes de elogiar o “sentido comum de responsabilidade” da comunidade londrina, dado que em 82 segundos se viu “o pior e o melhor” da humanidade.

Na próxima quarta-feira, o cardeal Nichols e alguns líderes muçulmanos vão encontrar-se com o Papa Francisco, durante a audiência geral, porque “o diálogo entre religiões é crucial” e precisa de ser cada vez mais “público”, para evitar “isolacionismos”.

D. Vincent Nichols, também vice-presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), elogiou ainda a atenção dada ao “discernimento” no pontificado do Papa Francisco e a sua atenção às novas gerações.

A cidade de Barcelona acolhe até sexta-feira um encontro de responsáveis de 37 conferências episcopais da Europa, incluindo a portuguesa, para debater a relação entre a Igreja Católica e os jovens.

O Simpósio organizado pelo CCEE propõe um debate sobre o acompanhamento dos jovens e o discernimento vocacional, que vai estar no centro da próxima assembleia do Sínodo dos Bispos, em 2018.

PR/OC

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