«É importante realizar estas atividades nas comunidades, nem sempre há sensibilidade para esta situação» – Padre Fernando Calado Rodrigues
Bragança, 29 set 2020 (Ecclesia) – O assistente espiritual do Serviço Diocesano de Pastoral Penitenciária de Bragança-Miranda sensibilizou a comunidade da igreja de Santa Maria do Castelo para a realidade prisional levando-os a participar na ‘Peregrinação ao Interior’ realizada pela Pastoral Penitenciária de Portugal
“É importante realizar estas atividades nas comunidades, nem sempre há sensibilidade para esta situação. Tinha aqui um padre na diocese que visitava os reclusos da sua paróquia, mas, normalmente, as comunidades até tentam esquecer que têm reclusos e estas atividades ajudam a perceber esta situação”, disse o padre Fernando Calado Rodrigues à Agência ECCLESIA.
O assistente espiritual do Serviço Diocesano de Pastoral Penitenciária de Bragança-Miranda salienta que muitos reclusos “aproveitam o tempo para se reencontrarem”, para essa peregrinação interior, e reencontram-se “consigo e com Deus, e a Igreja tem de estar mais atenta a esta realidade”.
O padre Fernando Calado Rodrigues revela que antes de ser o capelão da cadeia também “era uma realidade que queria ter o mais longe da vista e do coração possível”, mas “é importante” porque estas pessoas são “irmãos e precisam da atenção e da atenção a Igreja”.
O sacerdote sugere que o Departamento da Pastoral Penitenciária de Portugal, da Conferência Episcopal Portuguesa, nos próximos anos “mantivesse este modelo” de peregrinação para as pessoas que não podem “ir a Fátima” ao encontro presencial, que são “a esmagadora maioria dos reclusos”.
“Era importante nas cadeias estarem em sintonia connosco e fazerem esta peregrinação interior, experiência de sintonia com o todo nacional”, acrescentou.
Para esta ‘Peregrinação ao Interior’, realizada a nível nacional no último dia 26, a Pastoral Penitenciária de Portugal, da Conferência Episcopal Portuguesa, preparou um guião com a Oração do Terço, a sugestão de Eucaristia ou Celebração da Palavra e com um momento de Oração Comum nacional, na tarde de sábado.
“Habitualmente vou à sexta-feira celebrar a Missa de domingo e falei da ‘Peregrinação Interior’ que íamos iniciar. Fizemos as preces indicadas no guião e depois deixei uns 20, 30 guiões, para os que costumam frequentar os atos religiosos”, explicou o padre Fernando Calado Rodrigues, destacando a adesão às suas iniciativas num universo de 60 pessoas no Estabelecimento Prisional de Bragança.
Na tarde deste sábado, na prisão, os reclusos dinamizaram “a oração do Terço”, e na Missa na igreja de Santa Maria do Castelo, em Bragança, o sacerdote aproveitou para “falar às pessoas da Pastoral Penitenciária” e fizeram “as preces em sintonia” como o todo nacional.
O assistente espiritual do Serviço Diocesano de Pastoral Penitenciária de Bragança-Miranda lembra que durante o confinamento, quando estavam suspensas as visitas, dois reclusos “garantiram a celebração da Palavra”, com os textos que lhes enviava.
“Iam mandando fotografias de procissões que fizeram no recreio, do Terço, da celebração da Palavra, enquanto não pude lá ir; Um gesto simpático que achei piada”, salienta, acrescentando que alguns reclusos também telefonaram e que enviou mensagens que eram impressas e dadas aos reclusos, afinal “há um bom entendimento com a direção da cadeia e com o chefe dos Guardas Prisionais”.
“Mesmo os Guardas (prisionais) gostam que eu vá porque acham que eles ficam mais estabilizados quando têm a celebração”, conta.
O padre Fernando Calado Rodrigues adianta que, neste momento, a assistência religiosa e espiritual “ainda não é como era antes”, porque o capelão pode “entrar mas os voluntários ainda não estão autorizados”, deixou de “celebrar num espaço fechado” e agora estão no recreio “ao ar livre”, “a cadeia tem dois, eles podem fechar um e colocar à disposição da celebração”, e estão “a estudar com vai ser quando vier a chuva e o mau tempo”.
CB/OC