«Vir a São Bento e depois, um dia ou dois, esquecer a sua missão de cristão é muito pouco» – Padre António Lopes
Terras de Bouro, 21 mar 2023 (Ecclesia) – O reitor do Santuário de São Bento da Porta Aberta, em Terras de Bouro, Arquidiocese de Braga, afirmou que este espaço, onde hoje se celebra a primeira romaria do ano, está aberto a “toda a gente, crentes e não-crentes”, apostando no acolhimento como missão central.
“Sempre confessamos com a distância devida e com a máscara, sempre atendemos as pessoas que chegavam, e fomo-nos adaptando. Claro que o Santuário não é exceção, depois da pandemia pensaríamos que as pessoas que vinham, que tinham fome, e todos sabemos que as pessoas ficaram desabituadas de alguma forma e foram-se afastando”, disse o padre António Lopes, em declarações à Agência ECCLESIA.
O sacerdote, que está nesta comunidade desde 2020, salientou que neste santuário, na Serra do Gerês, “não se notou muito” que diminuíssem as pessoas por causa da pandemia de Covid-19 porque “continuam a vir, não se notou essa quebra”: “Graças a Deus, São Bento tem essa marca de acolher e de chamar, e, depois, a partir daqui enviar para as paróquias”.
Neste santuário, o grande gesto é acolher, saber acolher, saber escutar, procurar responder também aos peregrinos que chegam sobretudo uma palavra de acolhimento e de gestos simples mas gestos verdadeiros de acolhimento ao jeito do bom samaritano que acolhe e não passa de lado, nem despercebido diante do sofrimento dos outros.”
O padre António Lopes salienta que como o nome indica, São Bento da Porta Aberta, este santuário “dirige-se a toda a gente, crentes, não crentes”, as pessoas vão “com fé para agradecer, para louvar, para suplicar muito, pedir, pela mediação de São Bento, também as graças de que tanto precisam”, como que procura “por turismo” e vai “para conhecer”.
Segundo o reitor, o Santuário de São Bento da Porta Aberta também é procurado pela sua localização, a “envolvência do Parque Nacional da Peneda-Gerês, da Barragem da Caniçada”.
A Arquidiocese de Braga celebra hoje a solenidade do aniversário da Basílica de São Bento da Porta Aberta, e o padre António Lopes destaca três ações deste santuário que tem exposta uma relíquia deste santo: “Acolhimento, celebração e envio”.
“Vir a São Bento e depois, um dia ou dois, esquecer a sua missão de cristão é muito pouco. Aqui é acolhimento, celebrar, e enviar para a missão para as paróquias, para as comunidades onde estão inseridos”, acrescenta.
São Bento destaca-se por essa busca insaciável daquilo que Deus quer para mim, que Deus quer para este mundo e foi nessa busca que ele foi descobrindo caminhos novos e transformando o mundo e a Igreja nesse século IV, V, marcou de tal maneira que estamos a celebrar aqui hoje”.
O ano pastoral neste santuário “orienta-se em comunhão com o ano pastoral diocesano”, da Arquidiocese de Braga, com as suas celebrações, e, depois, acentua “dias especiais”, marcas próprias, que começam com a “celebração da primeira romaria”, a 21 de março, no dia da morte e do “trânsito” de São Bento, em 547.
“A partir desse dia até aos finais de setembro, outubro, vêm aqui muitos romeiros. Antigamente com certeza que vinham mais autocarros, excursões, mas hoje, continuam a vir muitos autocarros mas a maior parte em carros particulares, familiares. Por outro lado, também acorre muita gente a pé, vêm a pé para caminhar, por caminhar, para acompanhar alguns devotos, com muitos sacrifícios também, aproveitam e acompanham, colaboram no cumprimento da promessa, e ao mesmo tempo fazem uma caminhada física e para a saúde”, desenvolveu.
A segunda romaria é no dia 11 de julho, quando se comemora o dia de São Bento, o padroeiro da Europa proclamado pelo Papa Paulo VI, uma “Europa que tanto precisa do auxílio de todos”, e a ‘grande romaria’ é no mês de agosto, de 10 a 15, “os dias grandes com muitas celebrações, muita fé, com acolhimento”.
“Mas esta romaria de agosto não termina a 15: a segunda parte de agosto e setembro continuam a ser grandes dias de romaria”, realaç o padre António Lopes, lembrando que, na altura da romaria e ao domingo, começam “a celebrar a Missa às 06h00, com essa preocupação de acolher, como é próprio de São Bento”.
O reitor do santuário católico explica que, para os peregrinos que fazem o percurso a pé, no verão, têm “postos de atendimento e cuidado”, em vários locais estratégicos, com “água onde são acolhidos e animados para terminar a caminhada”.
Também têm “uma preocupação de atendimento dos peregrinos no sacramento da confissão”, e há confissões todos os dias, que “muitas vezes se alargam” para além das “horas para atender” (09h00-12h00/15h00-17h00), sobretudo no verão”.
“No meio de todas estas romarias, como é próprio do povo do Minho, há sempre a parte mais profana, com as concertinas, com os cantares, com os bailes, com a alegria também de viverem a fé, de estarem juntos, e de celebrarem juntos. Somos nós e a nossa circunstância, não podemos desenraizar-nos das nossas tradições, das nossas culturas, daquilo que é mais popular, e a fé tem que beber e estar em todo o lado”, desenvolveu.
A presença beneditina, no Santuário de São Bento da Porta Aberta, é assegurada pela comunidade das Monjas Cistercienses de Rio Caldo, desde 2005, com um dia-a-dia marcado pela regra ‘Ora et Labora’ (reza e trabalha).
CB/OC