Braga: «Poder da Igreja chama-se apenas caridade», realça arcebispo

D. Jorge Ortiga explica sentido do lava-pés e critica «promessas anticrise» de novas igrejas

Braga, 28 mar 2013 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga lavou hoje simbolicamente os pés a 12 jovens de instituições sociais, na missa da tarde de Quinta-feira Santa, como sinal de serviço, e alertou para as “promessas anticrise” apresentadas por algumas igrejas.

“Se muitos asseguram que a Igreja é uma instituição poderosa, gostaria de lhes recordar que o nosso poder chama-se apenas caridade”, apontou o D. Jorge Ortiga na sua homilia.

O prelado criticou alguns “erros ideológicos” que se foram sendo formulados ao longo dos tempos e que ainda hoje subsistem.

O arcebispo de Braga referiu-se particularmente “à denominada Teologia da Prosperidade que as novas igrejas/seitas cristãs defendem, prometendo a retribuição de Deus pelas obras” das pessoas, “não no fim da vida, mas já aqui e agora”.

“Se já sabíamos que existem religiões que matam em nome de Deus, estas novas igrejas, como o caso da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) exploram os homens em nome de Deus com promessas anticrise”, lamentou D. Jorge Ortiga, que desconstruiu em seguida aquela linha de pensamento.

“Se Deus é amor, Ele não se inscreve numa lógica comercial, mas numa lógica caritativa. Se assim fosse, Jesus só teria lavado os pés aos seus discípulos, depois de estes pagarem previamente esse serviço”, apontou.

Àqueles que valorizam o exercício do poder, o prelado lembrou que “o mundo não se constrói apenas com grandes presidentes, grandes descobertas científicas ou grandes discursos musculados”.

As grandes mudanças “também” se fazem com “pequenos e silenciosos gestos alternativos que, fundados na fé, podem salvar muitas vidas humanas, na medida em que lhes oferece o argumento do amor”, sublinhou o responsável católico, reforçando ideias que já tinha transmitido através das suas mensagens de Ano Novo e de Quaresma.

Num tempo em que homens e mulheres estão a ser “bombardeados com a palavra crise”, D. Jorge Ortiga pediu aos católicos que sigam o exemplo de Cristo, que convida a “uma vida em doação gratuita”.

“Superemos a máquina sedutora da publicidade e vistamos o avental da caridade, autêntico uniforme de Cristo”, exortou.

JCP/OC

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