Braga: Congresso da Família apela a compromisso

Todos os cristãos chamados a agir em prol da família, sendo urgente que as pessoas se reapaixonem pela causa familiar Uma das principais conclusões do Congresso Arquidiocesano da Família aponta para a necessidade de todos os cristãos agirem e trabalharem em prol da família, sendo urgente que as pessoas se reapaixonem pela causa familiar. O Congresso Arquidiocesano da Família, que terminou ontem em Braga e que durante o fim-de-semana pretendeu encerrar a reflexão que a diocese, ao longo de três anos, tem vindo a fazer sobre a família, mostrou que o compromisso dos cristãos é o primeiro passo para que a actuação na sociedade possa ser fecunda tanto a nível pastoral como social. Helena Guimarães, moderadora do Congresso Arquidiocesano da Família, afirmou que “essa é a grande «pedra de canto» que sai deste congresso”, como saiu ao longo de todas as jornadas que o Departamento Arquidiocesano da Pastoral Familiar de Braga foi organizando. Apostar na família, acrescentou, significa “partir para a acção em vários moldes, como, por exemplo, criar observatórios da família, da pastoral e social”, sublinhou a moderadora. D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga defendeu que a Pastoral Familiar tem de dar respostas aos problemas da sociedade. O Congresso apresentava dois grandes objectivos, segundo o Arcebispo de Braga. Criar condições para um matrimónio cristão de qualidade evangélica, “em termos de uma consagração permanente alicerçado numa espiritualidade muito séria” e fazer com que as famílias descubram a sua missão na Igreja e na sociedade. D. Jorge Ortiga apontou que a Igreja tem de se consciencializar cada vez mais da sua missão evangelizadora em relação à família, procurando reconhecer, como prioridade essa tarefa. Mas a família tem também de desempenhar uma tarefa importante na missão evangelizadora da Igreja, defendeu, acrescentando que, neste trabalho, “ambas têm diante de si um panorama que é um autêntico desafio, que não permite cruzar os braços”. Outra acção que se impõe, decorrente do Congresso, é a criação de um grupo de trabalho que depois implemente outros grupos de trabalho aos níveis da diocese, da paroquia e inter-paroquial, dependendo da formatação que for mais oportuna em cada meio. A não fixação das pessoas nas paróquias, o que impede o desenvolvimento de projectos, pode ser uma dificuldade, mas, segundo Helena Guimarães, também o clero tem um papel fundamental para congregar as pessoas nestes projectos. “Deveriam ter estado aqui no congresso muitos mais padres do que os que estiveram. É fundamental sensibilizar os sacerdotes e formá-los nestas áreas e também reforçar aquilo que eles fazem. Por que não reforçar o papel daqueles que incentivaram os paroquianos a virem a este congresso?”, questionou. Helena Guimarães sublinha a importância de quer dentro quer fora dos meios eclesiais, se cultivar o acolhimento. “Nós temos que aprender a ser afáveis e a acolher. O acolhimento passa não só por aqueles que estão fora da Igreja mas também pelos que estão dentro, para que não se desmotive. Nós temos que criar redes de motivação interna, para que possamos continuar comprometidos nesta importância que se pretende imprimir à família”, disse. Ainda no que diz respeito à criação dos grupos de trabalho, Helena Guimarães salientou que eles deverão ter um papel activo para apresentar dados concretos e propostas aos mais variados níveis, desde os planos social e político até ao mediático e cultural. Outra conclusão deste congresso vai no sentido de ser necessário que todos, isto é, arciprestados, paróquias, departamentos, equipas e movimentos, trabalhem em rede e em estreita articulação. “Devemos agir em bloco e, por isso, é que as pessoas devem-se reunir e promover uma inter- relação”, salientou. Para o futuro é ainda importante dar ênfase ao voluntariado e à solidariedade, com a criação e gestão de bolsas de diferentes valências e de bancos de recursos, traçar um plano de intervenção através da arte, para expor situações problemáticas, dar visibilidade aos problemas familiares, pressionar o poder político a debruçar- se sobre a família. Estado convida a ter famílias pequenas João Paulo Barbosa de Melo, economista e membro da Associação das Famílias Numerosas, afirmou, durante o Congresso, que o Estado português, pelas medidas que toma, convida a que se tome a opção de ter famílias pequenas. Segundo o economista, tendo em consideração a política fiscal, paga-se de acordo com o que se produz e não tendo em consideração as bocas e os braços. “Isto convida a que as família sejam pequenas”, disse, realçando ainda que, em Portugal é mais vantajoso comprar uma lareira ou um computador de que ter um filho. Por outro lado, tendo em consideração a política laboral, os portugueses são convidados a optar entre ter uma carreira profissional ou ter filhos. Ainda segundo explicou, até em termos de habitação é difícil encontrar uma casa para uma família numerosa, para além do facto de as cidades, em termos urbanísticos, não estarem feitas para as crianças. Assim, João Paulo Barbosa de Melo salientou, o Estado dá vários sinais aos portugueses para que tenham famílias pequenas. “Diz-lhes que é economicamente mais vantajoso despejar os idosos nos lares do que os ter em casa e que é mais vantajoso não ter filhos”, defendeu. Assim, na opinião do economista, o cristão deve lutar para mudar estes sinais e multiplicar o clamor em favor da família. Na sua opinião, o cristão tem de “ser forte na defesa que é bom ter filhos e ser família” e “mostrar que está certo nas suas opções”. Caso contrário, a sociedade que está a ser construída agora tenderá a ser cada vez mais egoísta, violenta, triste e sem tempo para reflectir sobre si mesma. D. Jorge Ortiga já havia apontado que a fecundidade reduzida aos mínimos está a “privar as famílias de uma dimensão especial e de uma riqueza interior, que são os filhos”. O Arcebispo de Braga afirmou que os cristãos têm de “não só criar uma doutrina sobre a beleza da vida mas, ao mesmo tempo, intensificar instituições eclesiais dedicadas a acolher as crianças”. O Arcebispo de Braga considerou ainda, num contexto social ameaçado pela pobreza, ser urgente revitalizar a acção social com capacidade de ofertas básicas. Num tempo em que se encara de diferentes formas a sexualidade, D. Jorge Ortiga pediu para se valorizar a afectividade. A Igreja deve também encarar a problemática dos casais cristãos divorciados e o desafio dos papéis, homem e mulher, para um novo modelo de relação entre o masculino e feminino, com a inclusão da mulher no trabalho remunerado, que gera autonomia mas, traz muitos problemas para as famílias. (Com Diário do Minho)

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