Bispos portugueses rezam por João Paulo II

Ordenação episcopal de D. Carlos Azevedo sob o signo do Papa Os Bispos portugueses estão em oração pelo Papa e pedem aos católicos do nosso país que aguardem com “serenidade” o desenrolar da situação clínica de João Paulo II. Vinte e oito prelados estiveram presentes esta tarde, na Igreja da Trindade (Porto), para a ordenação episcopal de D. Carlos Azevedo, novo Bispo Auxiliar de Lisboa. D. Carlos Azevedo disse na alocução final da cerimónia que “é em comunhão muito viva e gratidão imensa ao Santo Padre que aqui estamos”, para depois assegurar que “ser Bispo torna-se mais fácil quando temos diante de nós o testemunho modelar do Bispo de Roma”. “Acontece esta ordenação em clima de acção de graças a Deus pelo dom de João Paulo II, até ao fim irradiando a proximidade de Cristo a todos os povos, culturas e situações como pastor peregrino. Como não ser envolvida pela vida da força comunicativa de Cristo, anunciada com determinação e coragem, como profeta do absoluto, vida transparente de uma fé vigorosa”, acrescentou. A cerimónia de ordenação episcopal de D, é um “momento de reflexão”, disse D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, face ao estado de saúde do Papa. D. José Policarpo repetiu aos jornalistas o que tinha dito ontem em conferência de imprensa, apelando à oração por João Paulo II num clima de serenidade e proximidade, como acontece um pouco por todo o mundo. O Cardeal-Patriarca de Lisboa saleintou que a forma como “gentes de todas as religiões” estão a rezar no mundo pelo Papa é “um ex-libris do seu mandato, de união da humanidade”. “É um grande sinal da unidade da humanidade”, apontou. Unidade e humildade O Patriarca de Lisboa foi o Bispo sagrante e disse na homilia da cerimónia que é indispensável aos Bispos “o testemunho da humildade e de um certo apagamento individual, para servir a unidade de ensino, para bem da unidade da Igreja”. “Qual de nós não sentirá, por vezes, o direito ou, porventura, a tentação de ter uma visa pessoal diferente da do magistério do Colégio e da sua cabeça? Com que coragem e amor é preciso saber silenciar aquilo que se situa ao nível da opinião pessoal, para estarmos sempre e em tudo ao serviço da verdade da Igreja, alicerce da sua unidade? Nada enfraquece tanto a Igreja como as divergências de magistério na proclamação daquela verdade que deve guiar o povo de Deus pelos caminhos da fidelidade”, assinalou. D. José Policarpo frisou ainda que “esta fidelidade supõe vigilância contínua, numa sociedade mediatizada em que os meios de informação e correntes de opinião procuram detectar e sublinhar as diferenças e as divergências”. A homilia lembrou que o primeiro efeito da ordenação episcopal “é tornar-nos membros do colégio episcopal, sucessor do colégio apostólico, a cuja unidade preside o Santo Padre, cabeça do Colégio e condição necessária para o exercício do ministério colegial”. “O Bispo precisa de escutar, compreender, perdoar, abrir cada um para que saia da sua perspectiva pessoal e deixe brilhar o mistério da Igreja. O Bispo não pertence a grupos ou tendências, não alimenta dimensões ou disputas, não se identifica com carismas, com exclusão dos outros. Na imensa variedade dos carismas na Igreja de hoje, o Bispo é aquele que tudo integra e faz convergir para a unidade”, frisou. Nomeado Bispo Auxiliar do Patriarcado de Lisboa e Titular de Belali, no dia 4 de Fevereiro, D. Carlos Azevedo era, desde 2003, o Presidente da Associação Portuguesa de Museus da Igreja e Postulador da Causa de Canonização da Irmã Rita de Jesus. O docente da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa nasceu no dia 4 de Setembro de 1953, em Milheiros de Poiares, Santa Maria da Feira, e foi ordenado sacerdote no dia 10 de Julho de 1977, depois de estudar nos Seminários do Porto e no Instituto de Ciências Humanas e Teológicas. Doutorou-se, em 1986, na Faculdade de História Eclesiástica da Universidade Gregoriana, em Roma, e estudou Teologia Espiritual nos Institutos romanos da Companhia de Jesus e da Ordem do Carmo. Presidente da Direcção do Círculo Dr. José Figueiredo do Museu Nacional de Soares dos Reis, entre 1994 e 1996, D. Carlos Azevedo foi eleito Vice-Reitor da Universidade Católica Portuguesa, em 2000. Realce-se a multiplicidade de trabalhos publicados em revistas e livros. A nível pastoral, o Presidente da Comissão Científica para a Documentação Crítica de Fátima destacou-se como director espiritual do Seminário do Porto, de 1981 a 1993, e Delegado Episcopal para o Diaconado Permanente da Diocese do Porto. Em 1988 tornou-se o Secretário da Comissão Episcopal do Clero, Seminário e Vocações, cargo que ocupou até assumir, em 1992, a Direcção do Centro de Estudos de História Religiosa. Pároco da Senhora da Conceição no Porto, até 2000, foi nomeado, em 2001, o representante da Conferência Episcopal Portuguesa no Conselho Consultivo do Instituto Português de Museus. O novo Bispo Auxiliar de Lisboa considerou, numa entrevista concedida à agência ECCLESIA, a missão confiada pelo Papa como “um grande desafio”. “Não tenho medo do trabalho, de anunciar uma palavra que não agrade ou de corrigir uma visão que não considere certa, nem de ir ao encontro dos mais longínquos”, assegurou D. Carlos Azevedo, que classificou a “exigência da missão” como a preocupação primeira do seu serviço. No final da cerimónia, o prelado falou da sua condição de filho do Porto. “Lisboa não me levará a mal que tenha saudades do Porto, há nesta cidade um pedaço de mim e em mim uma marca deste estilo de ser gente. Vou partilhá-lo na simplicidade e acolher a riqueza das dinâmicas e sólida experiência da Igreja que está em Lisboa, em unidade fiel à orientação do seu Bispo”. D. José Policarpo, por seu lado, vincou que o serviço de D. Carlos Azevedo “vai começar por servir a Diocese de Lisboa, num momento em que ela está empenhada num grande projecto evangelizador”. “Contamos consigo e agradecemos a Deus o dom do seu episcopado. Em Lisboa há vários bispos, mas um único ministério episcopal. A nossa unidade será semente fecunda, nesta Igreja que queremos seja cada vez mais a Igreja de Jesus Cristo”, assegurou-lhe.

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