Bispos acolhem 2011 com alertas

Lisboa, 03 Jan (Ecclesia) – Vários bispos portugueses assinalaram o início do novo ano com alertas contra a discriminação da dimensão religiosa na esfera pública, criticando mesmo o que classificam como “campanhas” contra a Igreja.

No Porto, D. Manuel Clemente apontou o dedo a “ideologias redutoras ou impositivas, como seria o caso do laicismo ou do fundamentalismo religioso”.

“Trata-se de servir pessoas concretas, habilitando-as para a escolha consciente e responsável; não se trata de governar as pessoas contra elas próprias, escolhendo por elas e até antes delas o que houvessem de crer e fazer”, disse, numa homilia proferida a 1 de Janeiro.

Citando a mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz, D. Manuel Clemente considerou que “o fundamentalismo religioso e o laicismo são formas reverberadas e extremas da rejeição do legítimo pluralismo e do princípio da laicidade”.

“As contrafacções da religião não se corrigem com a ausência dela, mas sempre e só com melhor religião”, referiu ainda.

Para o bispo do Funchal, D. António Carrilho, assiste-se no país a “uma subtil campanha contra a religião católica, não só com perseguições e consequentes perdas de vidas humanas, mas também contra os símbolos que recordam os mistérios da nossa fé”.

“Infelizmente, não falta quem, para defender ideologias agnósticas e ateias, se sirva das suas posições de influência, para lançar campanhas difamatórias, contra a Religião e a Igreja, sem o respeito devido à liberdade de consciência e às convicções religiosas próprias de cada um”, lamentou, na intervenção proferida por ocasião da Missa de final de ano, no último dia 31 de Dezembro.

D. Jacinto Botelho, bispo de Lamego, começou o ano de 2011 criticando a “instabilidade, acompanhada da violência e do roubo” que se vai verificando em “regiões tradicionalmente de tranquilidade e de sossego”.

Este responsável condenou ainda a “agressividade nas palavras e nos gestos, mesmo dentro do santuário das famílias que deveriam ser a primeira escola de paz e de convívio carregado de amor, com a nunca suficientemente denunciada violência doméstica”.

O bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, disse na sua homilia de ano novo ser necessário “vencer todas a tentações de fundamentalismos radicais ou de hostilidades agressivas que ponham em risco, em formas extremas, o diálogo entre as instituições civis e religiosas”.

D. Manuel Quintas, bispo do Algarve, alertou, por sua vez, para a actual situação de crise económica, sublinhando que para a vencer “não são suficientes medidas emergentes” como a do Fundo Social Diocesano.

“Que aqueles, que estão à frente dos destinos deste país – para os quais evocamos também esta bênção de Deus – encontrem o caminho que nos há-de ajudar a todos a sair desta situação, vivendo a nossa vida talvez de um outro modo, olhando para o modo como nos situamos face a tudo, tendo presente o bem-comum que deve ser construído com verdade e transparência e a justiça social de que fala a Doutrina Social da Igreja que é tão importante para que todos possam viver em paz e ter aquilo de que precisam para viver com dignidade”, apelou.

As diversas intervenções dos prelados estão disponíveis na secção “documentos” do portal da Agência ECCLESIA.

OC/SM

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