Bispo do Funchal satisfeito com número de seminaristas

Diocese apresenta um quadro vocacional satisfatório, melhor do que algumas congéneres em todo o país Os seminaristas diocesanos reuniram-se com o Bispo do Funchal, num encontro que deixou satisfeito D. António Carrilho, como o próprio afirma ao Jornal da Madeira JM – Que significado teve o encontro do bispo com os seminaristas diocesanos na quinta de São Jorge? Dom António Carrilho – É um encontro que já vem de há muitos anos, e que eu considero uma iniciativa feliz, porque proporciona aos seminaristas uma relação próxima com o seu bispo, e ao bispo uma relação muito próxima com os seminaristas, que serão os futuros párocos. É evidente que é muito positiva. Eu verifiquei, nos dias que estive aqui, que se cria um relacionamento e àvontade sem intimidação, mas também um relacionamento que se torna interactivo, porque o bispo junto deles será a qualquer momento, aquele que os irá chamar de acordo com a vocação e o discernimento que cada um é capaz de fazer. Portanto penso que foi uma ideia feliz iniciar estes encontros, dou graças a Deus por eles e, da minha parte procurarei dar continuidade e valorizar cada vez mais para eles sejam cada vez mais frutíferos. JM – Um dia passado nesta quinta será certamente muito diferente ao esquema tradicional dos retiros espirituais? DAC – Tem momentos de oração. Tem um trabalho na quinta, não propriamente para trabalhar, mas para estar em contacto com a natureza e numa actividade no campo, que é, normalmente muito desejável e muito apreciável. Depois temos as refeições em que eles também participam. Depois há um trabalho intelectual que, até é combinado de um ano para o outro, que é uma reflexão sobre um Padre da Igreja, uma parte doutrinal, e também um trabalho relacionado com uma Paróquia. Desta vez um seminarista falou sobre Santo Atanásio e outro sobre a sua paróquia, a do Porto da Cruz. São trabalhos que os seminaristas fazem com gosto, com alegria, que têm um ano inteiro para elaborá-lo, não propriamente uma tarefa do ano lectivo, mas que até distrai e ocupa a mente. Cada dia, vamos a uma das paróquias aqui próximas. E a ida do bispo e dos seminaristas a uma paróquia é sempre uma passagem interessante e importante. É levar o Seminário Diocesano às paróquias. E as paróquias, normalmente acolhem o bispo e os seminaristas com muita alegria, com muito entusiasmo. Penso que é bom para os seminaristas sentirem o Povo de Deus a acolhê-los desta forma, e é bom para as comunidades verem ao vivo os seus futuros padres, e uma ocasião para o bispo estimular a pastoral das vocações sacerdotais e missionárias. Com este sentido visitámos as paróquias de São Jorge, na terça-feira, Santana na quarta-feira e hoje (quinta-feira) vamos a Boaventura. JM – Como vê o panorama das vocações sacerdotais na Diocese do Funchal e, de certa forma em relação com as dioceses do continente? DAC – Houve um tempo de muita gente nos Seminários. A seguir tivemos um tempo de baixa e diminuição. Penso que, neste momento estamos a sair dessa crise, e de encontrar novas formas de apoiar os jovens no seu discernimento vocacional. Digo novas formas, porque muitos sacerdotes actuais entraram para o Seminário Menor, quando eram pequenos. Hoje, a maior parte ingressa ao seminário ou com o sexto ano básico ou com o 9.º ano. A maior parte entra já com o 10.º ano. E eventualmente, aqui um ou outro com o 12.º ano. Isto quer dizer que no Seminário podem estar menos, mas estão em cursos mais adiantados. Nós tivemos aqui 18 seminaristas. Vamos ter no Seminário dos Olivais no próximo ano, 11 seminaristas, desde o 3.º ano de Teologia até ao final do curso: 3.º, 4.º 5.º e o ano da pastoral, o último ano. Temos cá os restantes anos, até ao no 1.º e 2.º ano de Teologia. Dou graças a Deus por este grupo de rapazes, e relativamente às dioceses do continente, fico a pensar que a nossa Diocese, ainda que algumas estejam a sair daquelas dificuldades a que acima me referi, verifico que a nossa diocese, graças a Deus, está numa situação que outras ainda realmente não têm. Digo isto, não para me consolar perante as dificuldades dos outros, mas para afirmar, que nós, graças a Deus ainda temos um ambiente geral de vida cristã, que, com mais trabalho vocacional estou certo que teremos mais gente no pré-seminário, a ter aquele acompanhamento antes de entrar no seminário e depois a entrar no próprio seminário. Actualmente os seminaristas do Funchal que residem no Seminário dos Olivais, são um terço dos alunos que pertencem, no seu todo, a quatro dioceses. Pessoalmente, também vou continuar a investir – sei que era uma preocupação do meu antecessor – vou continuar a investir no campo vocacional, dar a conhecer o Seminário Diocesano às paróquias, estabelecer mais relação com os jovens, sobretudo por ocasião do Crisma, ou com os grupos de jovens organizados, porque uma pastoral que não olhe a questão da vocação, não é completa, porque é preciso ajudar os jovens a perspectivar o seu futuro, segundo aquilo que são as suas capacidades, as suas aptidões, e o chamamento interior que Deus faz, e que a vida, a comunidade cristã e a própria vida social vai fazendo a cada um. JM – Que pensa fazer das instalações do antigo Seminário da Encarnação, onde se formaram muitos dos actuais sacerdotes da nossa diocese? DAC – Esta questão já vem de algum tempo atrás, e se não se resolveu é porque não é fácil de resolver. É uma questão que exige uma atenção particular, e que é urgente. Só que deve ser bem encontrada. Temos dois edifícios, um que serve e outro que serviu de Seminário. Há outras necessidades na Diocese, tais como a Casa Sacerdotal para o clero idoso, fala-se da necessidade do apoio logístico para os Órgãos e Movimentos Lacais, e nós sentimos que uma coisa e outra podem merecer a nossa atenção, neste momento concreto em que é preciso dar destino aos dois edifícios, pois tanto um como outro falam muito ao coração, tanto dos sacerdotes como das pessoas que tanto se interessam pelos dois Seminários. Portanto, o estudo vai fazer-se, os sacerdotes têm uma palavra a dizer, os investimentos requeridos para as obras do restauro são muito grandes, e é preciso encontrar um financiamento. Portanto, tudo aquilo que se possa vir a decidir, deverá ter em conta imensos factores, e a decisão não poderá ser nem de uma só pessoa, – têm de ser ouvidos os órgãos próprios, pois não pode ser o bispo sozinho a decidir, – e as decisões a tomar deverão ser em função dum conjunto de elementos e factores que as condicionam. JM – Que pode adiantar sobre nomeações de novos párocos ou de outros responsáveis diocesanos? DAC – A questão das nomeações tem de ser vista num contexto. Eu gostaria de fazer nomeações para a Diocese, nos meses de Maio/Junho, porque só assim se pode perspectivar o ano pastoral. Ora bem. Eu cheguei quase nos fins de Maio. É evidente que poderá surgir uma ou outra situação que deverá ser imediatamente atendida. Nós não podemos atender a situações de casos particulares desligados do contexto geral das necessidades da Diocese. Gostaríamos de fazer as nomeações feitas nos finais de Junho, tendo em atenção a generalidade das necessidades da Diocese. Penso que ninguém esperará, nesta altura, que se resolvam todas as questões que cada um pensa que é uma questão a resolver. E penso que as pessoas compreenderão que, fazendo porventura algo nas nomeações, que as circunstâncias motivarem, tenham a paciência também para que as possa fazer na altura própria. E vamos continuar no nosso trajecto. No entanto, há uma coisa em que eu gostaria de apostar agora em termos de nomeações: seria nos serviços diocesanos, mais do que em termos de paróquias. Porque os Secretariados Diocesanos é que vão dinamizar a pastoral e dar o apoio às paróquias e aos párocos. Gostaria de renovar, de intensificar os serviços diocesanos, com a nomeação de novos responsáveis. JM – Já temos o novo site da Diocese na Internet. Para quando o já anunciado Gabinete de Informação? DAC – O site é muito importante, mas ainda não está como nós queremos. Já corresponde a parte do projecto, mas ainda não está na sua totalidade. Para lá caminhamos. O Gabinete de Informação há-de entrar na altura própria. Estamos em tempo de férias em que muita gente se encontra fora, e a mesma pastoral sofre pequenas pausas. Espero que na abertura do novo ano pastoral a Diocese possa contar com mais um elemento de informação, que será o Gabinete de Informação. Não se trata de informar por informar, mas a informação pode contribuir muito para a comunhão. Quando se desconhecem as actividades uns dos outros, não poderá haver solidariedade, nem cooperação. O dar a conhecer, pode implicar mais solidariedade e mais cooperação. Queremos que na Igreja a informação seja entendida neste espírito de comunhão que queremos construir. JM – Que nos pode adiantar sobre as características das visitas pastorais que vèem precedidas dum certo êxito na diocese do Porto? DAC – Vou começar as visitas pastorais no Porto Santo, por serem as paróquias mais distantes. Gostaria de realizar uma visita com a preocupação de me encontrar com os grupos apostólicos, com as pessoas mais comprometidas com a comunidade, e ir também ao encontro de todas as instituições culturais, sociais, públicas, para deste modo afiançar a presença do bispo em nome da Igreja em todas elas. A possibilidade de ir ao encontro de todas as pessoas que não têm hipótese de ter outro meio de contacto com o bispo, como sejam os doentes, para quem é preciso ter palavras de reconhecimento, também será contemplada. Um atendimento especial à catequese-família, e à celebração do sacramento da Confirmação. A visita durará os dias que foram necessários, com actividades durante todo o dia, por indicação das mesmas instituições. Gostaria que o encerramento fosse uma grande Festa da Comunidade. É uma presença do bispo em nome da Igreja junto das comunidades. JM – Trata-se de construir uma Igreja «moderna»? DAC – Não gosto de falar nem em moderno nem em antigo. Gosto é que seja Igreja. E a Igreja vem bem encaminhada a partir do Evangelho e dos Actos dos Apóstolos, nos caminhos que Cristo apontou. É esta Igreja-Comunhão que queremos construir.

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