Bispo de Viseu recebeu padres que pediram dispensa

Participantes lamentaram que a Igreja se veja privada de «quadros altamente qualificados»

O bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, teve um encontro com os sacerdotes que pediram dispensa do exercício de ordens sacras. Desde que assumiu a diocese (23 de Julho de 2006), o prelado desta diocese desejava realizar este encontro porque “eles tiveram, – tal como eu – em determinado momento o desejo de servir a igreja com alegria e dedicação”. Com o andar do “tempo sentiram – por muitas razões – que não era este o seu caminho” – disse à ECCLESIA o bispo de Viseu.

A resposta á questão «como se sentem?» era um dos anseios de D. Ilídio Leandro. Neste Ano Sacerdotal “não podia deixar de estar com eles”. E adianta: “Alguns vão à Sé no dia em que foram ordenados” para celebrar aquela data.

Esta iniciativa promovida pelo bispo de Viseu reuniu 17 «dispensados» dos 29 existentes na diocese. “Cinco responderam que não podiam vir – alguns estão no estrangeiro –, mas apoiavam e sentiam-se felizes pelo convite  – sublinhou.

O plano de agenda de D. Ilídio Leandro não se cumpriu. Durante duas horas “contou-se as histórias de vida”. E adianta: “dei conta que havia uma reconciliação plena com a Igreja, com o bispo que os ordenou e com os bispos que foram passando”.

Este encontro – dia 19 de Dezembro – foi o primeiro de muitos que se realizarão. “Combinámos outro para Maio onde faremos uma reflexão organizada e, possivelmente, com alguns sacerdotes que são do ano deles” – referiu o bispo. Sobre o tema, D. Ilídio Leandro confessou: “poderá ser «A Igreja do Século XXI – Teologia e Direito Canónico», partindo de uma reflexão sobre os documentos do Concílio Vaticano II.

Nas palavras de D. Ilídio, este primeiro encontro “superou as expectativas”. Cada um falou sobre a sua experiência de vida nas comunidades onde vivem e no percurso de integração, mais ou menos fácil, ou difícil, após o pedido de dispensa do exercício de responsabilidades pastorais, assumindo actividades profissionais variadas, quer no campo do ensino, ou no exercício da advocacia, ou em actividades empresariais, ou de serviços.

Olhados como “desertores” ou “traidores”, não foi fácil, para muitos deles, integrarem-se nas comunidades onde hoje vivem e trabalham, ou trabalharam.

Auscultando alguns dos participantes – lê-se no site da diocese de Viseu – “ficámos com a sensação de que o maior problema que sentem, na sua situação de homens da Igreja desvinculados de compromissos pastorais, é o conflito entre a dogmática e o direito canónico. Em seu entender, há que encontrar a forma de conciliar o Direito Canónico com a Teologia, por forma a que a Igreja não se veja privada de “quadros altamente qualificados, que lhe fazem falta”, e que podem prestar serviços valiosos nas comunidades onde vivem, perfeitamente integrados e respeitados.

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