Bispo de Coimbra prepara despedida

D. Albino Cleto fala numa Diocese unida, mas admite problemas em questões como o processo beatificação da Irmã Lúcia, a Pastoral Universitária ou o ensino da Teologia

O Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, prepara a sua despedida da Diocese com o sentido do dever cumprido, apesar de admitir problemas em questões como o processo beatificação da Irmã Lúcia, a Pastoral Universitária ou o Instituto Superior de Estudos Teológicos.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o prelado admite que “houve realizações conseguidas, outras que deixo a meio e algumas em que bato com a mão no peito”, referindo que em relação à Pastoral Universitária “não atingimos o nível que tinha sonhado”.

Tendo completado 75 anos no último mês de Março, D. Albino Cleto pediu a renúncia ao cargo e em Abril anunciou à diocese que a mesma tinha sido aceite pelo Vaticano, com o seu sucessor a ser nomeado no próximo ano.

O actual Bispo espera que quem lhe vier a suceder seja “uma pessoa muito presente localmente, porque a diocese é grande”.

Sem ter data marcada para a despedida, confessa que vai tentando deixar em ordem vários “dossiers”, um dos quais é o do processo de beatificação da Irmã Lúcia, que deveria, do seu ponto de vista, estar “mais avançado”.

“Tendo o Santo Padre dado a benesse de nos dispensar dois anos, abrandámos o ritmo. As comissões têm de ser «picadas» por mim porque se reúnem lentamente”, revela.

Outra questão está ligada à decisão das dioceses de Aveiro, Leiria-Fátima e Portalegre-Castelo Branco, as quais retiraram os seminaristas do Instituto Superior de Estudos Teológicos (ISET) de Coimbra.

D. Albino Cleto assegura que “não está encerrado o processo de termos no centro do país um instituto superior de estudos teológicos, em diálogo com outras dioceses”, esperando uma mudança no futuro.

“Um Instituto Superior de Estudos Teológicos, tal como uma faculdade, preparam teólogos (homens, mulheres, frades, leigos, padres), mas na preparação do padre, cada diocese tem que cuidar dela. Cada presbitério prepara os seus futuros presbíteros”, precisa.

Por isso, no próximo ano, o ISET vai funcionar com 20 alunos (16 de Coimbra e quatro de Cabo Verde), “tantos quantos têm outras escolas superiores de Teologia em Portugal”.

O Bispo de Coimbra considera que a diocese “está unida, embora com pequenas fracturas” e tem um clero que se “estima a si próprio”, embora não seja em número suficiente para responder a todas as solicitações.

“Perante esta realidade, é preciso dar às pequenas paróquias a consciência que são elas as responsáveis”, afirma.

Nesta longa entrevista, D. Albino Cleto passa em revista vários momentos da sua vida, desde o seminário, destacando a relação com o Cardeal António Ribeiro, Patriarca de quem foi Bispo Auxiliar, e da amizade com D. João Alves, seu predecessor em Coimbra.

Natural de Manteigas (Distrito da Guarda), na Serra da Estrela, D. Albino Cleto foi ordenado padre em 1959 e Bispo em 1983, como Auxiliar de Lisboa. Posteriormente, foi nomeado Bispo Coadjutor de Coimbra em Outubro de 1997, sucedendo a D. João Alves em Março de 2001.

Sobre o futuro, projecta voltar para a Estrela: “A Serra será a minha base, não ficando, evidentemente, ali retido constantemente. Estarei ao serviço da Igreja, mas penso ir, bastantes vezes, a Lisboa porque tenho lá instalação garantida, em família, e tenho também lá muitos amigos que quero revisitar”.

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