Bispo conciliar de «ousadia e missão»

D. António Francisco dos Santos recorda últimos momentos com D. Manuel de Almeida Trindade em Coimbra D. Manuel de Almeida Trindade foi um bispo conciliar com “um espírito de ousadia e missão”. Há muitos anos que D. António Francisco dos Santos conhecia D. Manuel, mas foi nos últimos anos da sua vida que com ele privou, em especial quando foi nomeado bispo de Aveiro, em Setembro de 2006. O Bispo emérito foi “uma chave essencial em Aveiro assim como o foi em Coimbra”. D. Manuel de Almeida Trindade era um jovem seminarista quando foi enviado para estudar na Universidade Gregoriana, em Roma, onde completou o curso de filosofia e de teologia. Com apenas 26 anos foi nomeado reitor do Seminário Maior de Coimbra, e ai afirmou as “suas qualidade de amor à Igreja, a sua sabedoria, inteligência e santidade”, aponta à Agência ECCLESIA, D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro. Na diocese de Aveiro quis imprimir o espírito renovador do Concílio. Em 1979 é escolhido para Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, percorrendo uma fase importante de decisões a nível nacional como universal. D. Manuel trabalhou para “uma convergência entre a aplicação do Concílio na Igreja com o Papa Paulo VI e as mudanças sociais, políticas e cultural que decorriam em Portugal”. “De uma forma muito própria, nobre e atenta viveu como bispo e servidor da Igreja ao mesmo tempo que, tinha responsabilidade na Igreja em Portugal. Com a sua serenidade, lucidez e sabedoria procurou traçar caminhos novos de equilíbrio mas também de mudança e renovação”, recorda o Bispo de Aveiro. Entre os sacerdotes da diocese com quem D. Manuel trabalhou, “e nos caminhos que percorreu, percebe-se uma influência discreta, mas interventiva, corajosa e determinada”. O Bispo de Aveiro guarda nas suas memórias os momentos que privou com os dois bispos eméritos da diocese, logo após a sua ordenação episcopal, a 8 de Dezembro de 2006. Este dia, data da Imaculada Conceição, assinala também a data da tomada de posse da diocese de D. Manuel. O dia da nomeação de D. António Francisco dos Santos para Aveiro, a 21 de Setembro, é curiosamente, o dia do aniversário de ordenação episcopal de D. António Marcelino. D. António Francisco dos Santos decidiu que o seu primeiro dia, a 9 de Dezembro de 2006, logo após a tomada de posse, fosse passado entre bispos, no Seminário de Coimbra. Um dia de “partilha fraterna com os dois bispos eméritos”, e uma oportunidade para concelebrar com D. António Marcelino e D. Manuel de Almeida Trindade. Durante a tarde “percorremos a memória viva dos caminhos da diocese que desde 1962 estavam presentes nos dois bispos”. D. António Francisco dos Santos recorda esses momentos e as confidências partilhadas. “D. Manuel falou-me do amor que tinha pela diocese de Aveiro e a alegria que sentia pelo substituto que Deus tinha chamado”. O bispo de Aveiro recorda uma “gratidão e um acolhimento muito terno” Nos últimos dias em que acompanhou D. Manuel de Almeida Trindade no Hospital da Universidade de Coimbra, o Bispo de Aveiro recorda “que quando lhe tracei o sinal da cruz, sentia que estava com ele uma diocese inteira que comungava a oração e a gratidão”. Nos últimos dias “sempre o senti sereno quando o visitei”. D. Manuel “foi sempre uma presença de grande dignidade e nobreza”. No passado Domingo, quando “durante toda a tarde estive com ele, senti que apesar de algum sofrimento e da situação de dor e doença que eram maiores nestes dias, mantinha a serenidade”, explica acrescentando que a “sua morte foi uma passagem serena”. D. António Francisco dos Santos exprime ainda a extraordinária admiração que todos os bispos de Portugal têm por D. Manuel. “Todos aprendemos com ele e com o seu testemunho. É para nós um mestre, uma referência e um exemplo”. O regresso à diocese de Aveiro é “natural”. “É imprescindível para uma diocese nova como Aveiro, guardar a memória viva dos bispos que a serviram dedicadamente. D. Manuel sempre disse que queria ser de Aveiro para sempre”. O seu regresso é “quase genético”, sublinha. Esta tarde será aberto “com grande respeito e emoção” o testamento de D. Manuel de Almeida Trindade, onde expressa essa mesma vontade de regressar a Aveiro. Notícias relacionadas D. António Francisco dos Santos recorda Bispo emérito de Aveiro

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