Bento XVI preocupado com a questão hídrica

Papa convoca especialista mundial para trabalho no Vaticano e confirma indicações deixadas em vários discursos O Papa nomeou esta semana para a Academia Pontifícia das Ciências um dos cientistas mundiais mais respeitados em matéria de hidrologia e ciências ambientais, o venezuelano Ignacio Rodriguez-Iturbe. Professor na Universidade de Princeton (EUA), este especialista recebeu o Prémio Estocolmo da Água em 2002, uma espécie de “Nobel” neste campo. A nomeação de Rodriguez-Iturbe vem confirmar a preocupação de Bento XVI neste campo, que já o levou a manifestar-se em favor da salvaguarda e da partilha dos recursos hídricos. Segunda-feira, no aguardado discurso ao corpo diplomático acreditado na Santa Sé, o Papa frisava que a paz implicava que fossem satisfeitas as “legítimas aspirações” das populações, incluindo o acesso à água. Um dia antes, durante a recitação do Angelus, Bento XVI criticava duramente algumas consequências da globalização, incluindo o seu impacto negativo sobre os recursos hídricos. A Academia Pontifícia das Ciências foi fundada em Roma, em 1603, com o nome de Academia dos Linces, da qual Galileu Galilei era membro, e é composta por oito dezenas de “académicos pontifícios”, nomeados pelo Papa, a partir da proposta do Corpo Académico, sem discriminação de nenhum tipo (muitos deles não são católicos). Neste momento junta cientistas de todo o mundo, muitos dos quais distinguidos com o Prémio Nobel, promovendo pesquisa científica e examinando questões científicas do interessa da Igreja. Ao longo da última década, muitas das sessões desta academia forma dedicadas às questões hídricas, especificamente ou no contexto de debates sobre as mudanças climáticas. Na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz 2008, o Papa reconheceu que “actualmente a humanidade teme pelo futuro equilíbrio ecológico” e desejou que “as avaliações a este respeito se façam com prudência, no diálogo entre peritos e cientistas, sem acelerações ideológicas para conclusões apressadas”. Em 2007, numa mensagem escrita por ocasião do Dia Mundial da Água, Bento XVI afirmava que “a água é um direito inalienável”, pedindo que todos possam ter acesso a ele, “em particular quem vive em condições de pobreza”. “O direito à água, como todos os Direitos Humanos, baseia-se na dignidade humana e não sobre avaliações de tipo puramente quantitativas, que apenas consideram a água como um bem económico”, alertou.

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