Bento XVI na ONU para falar de Direitos Humanos

Terceira vez que um Papa discursa na sede das Nações Unidas Esta Sexta-feira, 18 de Abril, Bento XVI tornar-se-á o terceiro Papa a discursar na sede da ONU, depois de Paulo VI, em 1965, e João Paulo II, em 1979 e 1995. O actual Papa irá encontrar-se, em privado, com o Secretário-Geral das Nações Unidas, descendo, em seguida, para a sala da Assembleia-Geral, onde profere o seu discurso. Segue-se um encontro privado com o presidente da Assembleia, o presidente do Conselho de Segurança e os 60 representantes deste organismo. O próprio Bento XVI antecipou aos jornalistas que o objectivo da visita é assinalar os 60 anos da proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, “a base antropológica, a filosofia fundante das Nações Unidas, o fundamento humano e espiritual sobre o qual (a ONU) foi construída”. “Na declaração dos Direitos Humanos confluíram diversas tradições culturais, sobretudo uma antropologia que reconhece o homem como sujeito de direito precedente a todas as instituições, com valores comuns a respeitar por todos”, afirmou. Por isso, referiu, “esta visita parece-me importante, num momento de crise de valores, para reconfirmar no conjunto que tudo começou nesse momento e recuperá-lo para o nosso futuro”. No passado Sábado, o Papa terá deixado adivinhar alguns dos temas fortes que irá levar a Nova Iorque, ao pedir à comunidade internacional que empreenda o caminho do desarmamento global, construindo as bases de uma “paz duradoura”, num humanismo renovado. “Renovo o apelo para que os Estados reduzam as despesas militares para o armamento e tomem em séria consideração a ideia de criar um fundo mundial destinado a projectos de desenvolvimento pacífico dos povos”, apontou, numa mensagem dirigida ao Conselho Pontifício Justiça e Paz. “A produção e o comercio de armas – salientou Bento XVI – estão em contínuo aumento e vão assumindo um papel decisivo na economia mundial. Há uma tendência para a sobreposição da economia civil à militar”. Para o Papa, este risco é grave “nos sectores biológico, químico e nuclear, nos quais os programas civis não estão nunca seguros sem o abandono completo e geral dos programas militares e hostis”. Admitindo que cada Estado tem direito à defesa, Bento XVI indicou que a mesma “deve ser proporcionada aos perigos que o Estado corre”. O Papa salientou também a existência de autênticas “guerras do bem-estar”, desencadeadas pelo “egoísmo” de quem quer manter o seu actual nível de vida.

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