Bento XVI lembra Santa Joana d’Arc

Papa lamentou processo que conduziu à sua condenação à morte na fogueira

Cidade do Vaticano, 26 Jan (Ecclesia) – O Papa salientou hoje no Vaticano a influência benéfica que a religião pode exercer nas decisões políticas, ao evocar a memória de Joana d’Arc (1412-1431), condenada à morte na fogueira.

Um dos aspectos “mais originais” da vida da santa francesa consiste na “ligação entre experiência mística e missão política”, sublinhou Bento XVI na audiência pública semanal.

Joana d’Arc “é um belo exemplo de santidade para os leigos empenhados na vida política, sobretudo nas situações mais difíceis”, afirmou o Papa às cerca de três mil pessoas presentes no encontro, que decorreu na sala Paulo VI.

Depois de referir que “a fé é a luz que guia todas as escolhas”, Bento XVI afirmou que Joana d’Arc convida os católicos a “fazer da oração o fio condutor” da sua existência, a terem “plena confiança no cumprimento da vontade de Deus, qualquer que seja” e “viver a caridade sem favoritismos” e “sem limites”.

Para o Papa, a padroeira secundária de França faz parte do conjunto de “mulheres fortes, leigas e consagradas na virgindade, que transportam a luz do Evangelho ao coração das realidades mais dramáticas da história e da Igreja”.

Nascida em Domremy no ano de 1412, Joana d’Arc “demonstrou uma grande caridade e compaixão para os mais pobres, doentes e todos os sofredores, no contexto dramático da guerra”, salientou Bento XVI, que recordou a primeira experiência mística da jovem, aos 13 anos.

No contexto da Guerra do Cem Anos, que opôs a Inglaterra e a França, Joana d’Arc escreveu em 1429 uma carta de paz ao rei inglês, que cercava Orleães, mas a proposta foi rejeitada, pelo que a santa participou na luta pela libertação da cidade francesa.

O segundo “momento culminante” da acção política de Joana d’Arc foi a coroação do rei francês Carlos VII, em 1429, lembrou o Papa.

“Durante um ano inteiro, Joana vive com os soldados, cumprindo no meio deles uma verdadeira missão de evangelização”, marcada pela “bondade”, coragem” e “extraordinária pureza”, destacou.

A “paixão” da santa começa em 1430, quando é feita prisioneira, prosseguindo com o seu “longo e dramático” processo de condenação, que decorrerá entre Fevereiro e 30 de Maio de 1431 em Rouen.

[[v,d,1763,Audiência geral de 26 de Janeiro de 2011]]De acordo com o Papa, o julgamento foi “inteiramente guiado” por um grupo de teólogos da Universidade de Paris, eclesiásticos franceses que “tendo feito a escolha política oposta à de Joana, fizeram a priori um juízo negativo sobre a sua pessoa e sobre a sua missão”.

No entender de Bento XVI, faltou aos juízes a “caridade e humildade” de ver em Joana d’Arc “a acção de Deus”, dado que foram “radicalmente incapazes” de compreender a santa e de “ver a beleza da sua alma”.

Joana d’Arc foi condenada como “herege” e enviada para a “morte terrível da fogueira” numa das principais praças de Rouen, mas cerca de 25 anos depois o Papa Calisto III ordenou a revisão do processo judicial, que se concluiu com a declaração de nulidade da condenação.

Esta decisão, afirmou o Papa, realça a “inocência” de Santa Joana d’Arc e a sua “perfeita fidelidade à Igreja”, virtudes que conduziram à sua canonização, em 1920, por Bento XV.

Na saudação em língua portuguesa, Bento XVI fez votos de que a peregrinação a Roma possa encher os peregrinos “de luz e fortaleza” no “testemunho cristão”, de modo a poderem confessar “Jesus Cristo como único Salvador”, dado que “fora d’ele não há vida nem esperança de a ter”.

RM

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