Bento XVI: Funeral assinalou «a vida e o legado» do Papa emérito

«Foram dias muito intensos e sentia-se uma grande comoção no espaço que circunda a Praça de São Pedro», afirma o vaticanista Octávio Carmo

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 05 jan 2023 (Ecclesia) – O vaticanista Octávio Carmo realça que os últimos dias no Vaticano serviram para recuperar “algumas coisas esquecidas” nos oito anos de pontificado de Bento XVI e assinalaram “a vida e o legado” do Papa emérito.

O Papa emérito Bento XVI, falecido no dia 31 de dezembro último, foi sepultado, esta manhã, na cripta da Basílica de São Pedro, no Vaticano, no túmulo onde esteve o Papa São João Paulo II antes de ser colocado na basílica vaticana.

O chefe de redação da Agência ECCLESIA acompanhou as cerimónias fúnebres de Bento XVI, Papa entre 2005 e 2013, que faleceu aos 95 anos de idade; o sucessor de São João Paulo II, foi o primeiro pontífice a renunciar ao pontificado desde Gregório XII, em 1415.

“Foram dias muito intensos e sentia-se uma grande comoção no espaço que circunda a Praça de São Pedro, com muitas filas, tanto de turistas como famílias romanas e alemãs, na despedida de Bento XVI”, frisou o vaticanista e chefe de redação da Agência ECCLESIA.

A homilia do Papa Francisco ajudou a fazer memória, a celebrar a vida e a missão do Papa Bento XVI na Igreja.

“Foi um elogio discreto e profundo sobre a figura do pastor, um exemplo de serviço e de liderança”, sublinhou Octávio Carmo.

“Uma homilia mais voltada para o futuro”, mas de “homenagem ao seu antecessor”, acentuou.

Na sua homilia, o Papa Francisco “não faz uma referência direta à renúncia”, mas “dá a entender que essa é uma das partes que está envolvida na sua reflexão, quando diz que um pastor deve deixar-se iluminar e moldar as suas decisões”, disse o vaticanista.

A vida de Bento XVI “não foi gasta em nome próprio, mas gasta em nome da Igreja e do Evangelho”, afirmou.

A cerimónia foi concelebrada por um número estimado de 125 cardeais e 400 bispos, incluindo representantes portugueses – os cardeais D. Manuel Clemente, D. António Marto e D. José Tolentino Mendonça, bem como os bispos D. José Ornelas (presidente da CEP), D. Carlos Azevedo (delegado do Comité Pontifício das Ciências Históricas) e D. Américo Aguiar (presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023) e vários clérigos ao serviço da Santa Sé – e cerca de 4 mil sacerdotes.

No Vaticano vive-se “uma mistura de momentos: o adeus, o luto e da grande alegria associada às festividades do Natal”, realçou Octávio Carmo.

O caixão de cedro, com o corpo do Papa emérito, foi colocado na Praça de São Pedro cerca de 40 minutos antes do início da Eucaristia, sob os aplausos da multidão; além do Evangelho aberto, sobre o féretro, este é adornado apenas pelo brasão de Bento XVI, com símbolos que remetem para a tradição da Baviera (Alemanha), sua terra natal, e a Santo Agostinho, doutor da Igreja e referência do percurso teológico de Joseph Ratzinger.

Depois de alguns anos em que a Igreja tinha dois Papas, um emérito e outro no exercício do ministério petrino, com a morte de Bento XVI abre-se um novo capítulo.

“É uma etapa diferente e, agora, se o Papa Francisco ponderar a hipótese de renunciar pode fazê-lo com maior liberdade”, acentuou o chefe de redação da Agência ECCLESIA.

PR/LFS

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