Bento XVI em Castel Gandolfo até Setembro

Papa termina férias e segue para o «Vaticano 2», gracejando com a fractura no punho direito Bento XVI deixou esta Quarta-feira a localidade de Les Combes de Introd, em Vale de Aosta (Itália), concluindo o período de férias iniciado a 13 de Julho. Estas duas semanas ficaram marcadas pelo incidente de dia 17, quando o Papa caiu no seu quarto e fracturou o punho direito, que foi mesmo operado.

Ao deixar o local, o Papa deixou uma palavra de agradecimento às forças de segurança bombeiros, protecção civil e autoridades locais, considerando que foram como "anjos" durante a sua estadia, "invisíveis, mas eficazes".

Neste contexto, Bento XVI gracejou com a sua queda, afirmando que "o meu anjo da guarda não impediu o meu infortúnio, seguindo ordens superiores, certamente".

"Talvez o Senhor queira ensinar-me a ter mais paciência, mais humildade, dar-me mais tempo para a oração e a meditação", acrescentou.

Em declarações à Rádio Vaticano, o director da sala de imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, fez um balanço "positivo" a estas semanas de férias, admitindo que a queda do Papa alterou os seus planos, em especial no que dizia respeito á redacção da segunda parte do livro "Jesus de Nazaré".

Introd, nos Alpes italianos, foi destino das férias de um Papa pela 13ª vez nos últimos anos, tradição iniciada por João Paulo II e seguida por Bento XVI, que ali esteve por três ocasiões desde o início do seu pontificado, em 2005.

Bento XVI disse ter passado estes dias de descanso numa "paz celeste", deixando palavras de apreço pela beleza natural desta região.

Antes da partida para o aeroporto de Turim, o Papa deixou o seu agradecimento também às autoridades religiosas e civis. De Turim, Bento XVI viajou de avião até Roma, prosseguindo em automóvel até à residência de Castel Gandolfo, a cerca de 30 km da capital italiana, onde permanecerá o resto do Verão.

Ontem à noite, ao chegar à residência pontifícia, o Papa foi acolhido por um grupo de fiéis que o aguardava no pátio, a quem dirigiu algumas palavras de saudação, recebendo aplausos e cumprimentos. Bento XVI referiu-se aos dias de descanso entre as montanhas, definindo-os "belíssimos".

O Papa mostrou-se satisfeito por regressar a Castel Gandolfo e desejou boas férias a todos, concedendo a bênção.

Segundo adianta a direcção das Vilas Pontifícias, a actividade de Bento XVI na região dos lagos vai dividir-se em duas fases: momentos de descanso, entre oração e passeios, e retoma do trabalho, com encontros oficiais e audiências.

«Vaticano 2»

O palácio de Castel Gandolfo era carinhosamente designado como "Vaticano 2" por João Paulo II e é, curiosamente, maior do que o Estado da Cidade do Vaticano. Os romanos chamam à região onde está inserida a residência os "castelos romanos", por causa das construções que as famílias da nobreza ali levantaram.

Cada castelo tem o nome do senhor da fortaleza – no caso da residência pontifícia era a família Gandulfi, natural de Génova. Cerca de 1200, os Gandulfi construíram o seu pequeno castelo que, no século seguinte passou para a família Savelli, a qual manteve esta edificação até 1596.

Nesse ano, por causa de uma dívida que a família não conseguiu pagar ao Papa Clemente VIII (1592-1605), a propriedade passou para o Papa e, em 1640, declarada propriedade da Santa Sé.

Urbano VIII (1623-1644) decidiu transformar o Castelo na sua residência de verão, adaptando e ampliando a velha fortaleza.

Em 1870, com o fim do Estado Pontifício, a residência foi abandonada e esquecida, mas a assinatura dos Pactos Lateranenses (1929) Castel Gandolfo voltou a ser residência estival dos Papas. Nessa altura foram adquiridos o complexo da Villa Barberini e algumas propriedades vizinhas para dar vida à actual exploração agrícola.

João Paulo II foi o primeiro Papa que passou vários períodos do ano em Castel Gandolfo e não apenas no final da Primavera e Verão.

As pessoas que ali trabalham durante todo o anos são cerca de 60, entre jardineiros, tratadores de árvores, agricultores, electricistas e pessoal da manutenção. Apenas 20 pessoas, contudo, residem na propriedade.

Bento XVI tinha à sua espera um piano, ainda que, por enquanto, não se possa dedicar a uma das suas actividades preferidas em tempo de descanso. Dentro de 20 dias, aproximadamente, e após alguma fisioterapia, espera-se que o Papa possa retomar todos os seus hábitos.

Já no Sábado, Bento XVI irá receber em audiência uma delegação dos participantes no Campeonato do Mundo de Natação, a decorrer em Roma. Domingo, o Angelus terá lugar no Palácio e, a partir de dia 5, são retomadas as audiências gerais de Quarta-feira.

Presente em Castel Gandolfo estará também o irmão mais velho do Papa, Mons. Goerg Ratzinger.

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