Bento XVI condena muro da Cisjordânia

Papa visita campo de refugiados e repete defesa de um Estado palestino, apelando a negociações multilaterais Bento XVI visitou esta Quarta-feira o campo de refugiados de Aida, entre as cidades de Belém e Beit Jala, na Cisjordânia, tendo condenado o muro construído por Israel, que isolou a população local. Foi precisamente com este muro como pano de fundo que o Papa considerou “trágico que ainda hoje sejam erigidos muros” num mundo em que as fronteiras estão cada vez mais abertas. Bento XVI falou desta construção como um símbolo do “ponto morto” em que se encontram as negociações entre israelitas e palestinos, pedindo a “todas as partes envolvidas que exerçam a sua influência em favor de uma solução justa e duradoura no respeito pelas legítimas exigências de todas as partes”. O Papa reconheceu o direito de israelitas e palestinos a viverem “em paz e com dignidade” e considerou que “os esforços diplomáticos só poderão ter sucesso” se os dois povos estiverem dispostos a “romper o círculo das agressões”. Neste local simbólico, Bento XVI deixou palavras de proximidade e compreensão aos palestinos que vivem nos campos de refugiados, “em condições precárias e difíceis, com poucas oportunidades de emprego” e “legítimas aspirações a uma pátria permanente, a um Estado palestino independente”. “Quão ardentemente rezamos para que terminem as hostilidades que levaram a erigir este muro”, sublinhou, exortando as duas partes a ter “grande coragem para superar o medo e a desconfiança” e superar o “desejo de vingança”. Segundo o Papa, a “solução a longo prazo para um conflito como este não pode deixar de ser política”. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, deixou por seu lado uma “mensagem de paz” a Israel, através de Bento XVI, antes de pedir que os israelitas renunciem “à ocupação, à colonização, às prisões e às humilhações” que infligem aos palestinos. Segundo a ONU, mais de 4 mil refugiados palestinos encontram-se neste espaço sobrelotado de Aida, estabelecido em 1950. O Papa encontrou-se com dois casais que ali residem, muçulmanos e cristãos. O porta-voz do Vaticano anunciou que Bento XVI irá entregar 50 mil Euros aos refugiados deste campo. Desde a visita de João Paulo II, em 2000, a situação na Cisjordânia piorou significativamente com a construção de um muro, que Israel justifica com a necessidade de impedir ataques terroristas, mas que acaba por separar famílias e dificultar o dia-a-dia dos palestinianos. Responsáveis católicos têm falado repetidamente de Belém como uma “prisão a céu aberto”. Sinal de esperança Antes de se deslocar ao campo de refugiados, Bento XVI visitou em privado a gruta da natividade, local que pretende assinalar o nascimento de Jesus, e esteve no hospital pediátrico que a Cáritas gere em Belém. O Papa referiu-se ao “Baby hospital” como um “oásis de esperança para os mais vulneráveis” e um “farol de esperança para a possibilidade que o amor tem de prevalecer sobre o ódio e a violência”. 80 camas ajudam a tratar milhares de crianças de Belém e de toda a Palestina, há mais de 50 anos, num “serviço inestimável”, referiu Bento XVI. Às crianças e suas famílias, Bento XVI disse que “o Papa está convosco”. O discurso concluiu-se com uma oração a Nossa Senhora de Fátima: “Que o amor triunfe sobre o ódio, a solidariedade sobre a divisão e a paz sobre qualquer forma de violência”.

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