Bélgica: Papa encerra viagem marcada pelas sombras da guerra e crise de abusos sexuais

Visita de quatro dias, iniciada no Luxemburgo, deixou mensagens em favor dos migrantes e mostrou tensões que Francisco vai encontrar no próximo Sínodo

Foto: Lusa/EPA

Bruxelas, 29 set 2024 (Ecclesia) – O Papa encerrou hoje a sua 46ª viagem internacional, ao Luxemburgo e Bélgica, marcada pelas sombras da guerra e crise de abusos sexuais.

Na Missa a que presidiu no Estádio Rei Balduíno, perante cerca de 35 mil pessoas, Francisco afirmou que na Igreja “não há lugar para o abuso, não há lugar para o encobrimento do abuso”.

O Papa assumiu ainda a sua preocupação com a guerra no Líbano, apelando a um cessar-fogo imediato no Médio Oriente.

O tema esteve presente desde o início da viagem, esta quinta-feira, no Luxemburgo, onde o Papa alertou para os perigos dos “nacionalismos”, evocando as lições da II Guerra Mundial.

Num país com forte presença de migrantes, entre eles uma significativa comunidade portuguesa, Francisco defendeu a “inclusão” de todos na sociedade, ao encerrar a sua passagem pela capital luxemburguesa, na Catedral de Notre Dame.

A viagem à Bélgica começou com o tradicional encontro com autoridades políticas e representantes da sociedade civil, no Castelo Real de Laeken, onde o Papa ouviu críticas à forma como a Igreja Católica geriu a crise de abusos sexuais.

Francisco pediu perdão e, horas depois, recebeu em privado um grupo de 17 vítimas de abusos, na Nunciatura Apostólica.

Num programa com várias surpresas, o Papa assinalou os 600 anos da Universidade Católica de Lovaina, em duas sessões, nas quais foi confrontado sobre as posições da Igreja em temas como o acolhimento das pessoas homossexuais ou o papel das mulheres.

Na Basílica do Coração de Jesus em Koekelberg, a quinta maior igreja do mundo, Francisco ouviu uma representante dos centros de acolhimentos para vítimas de abusos, assumindo as “feridas” provocadas por estes casos.

Com a comunidade católica, o Papa apontou ao Sínodo, cuja próxima assembleia se inicia na quarta-feira, apelando a um novo dinamismo de evangelização.

A Missa deste domingo deixou ainda um desafio ao acolhimento de migrantes e refugiados, na Europa.

Desde a sua eleição, em 2013, o Papa Francisco fez 46 viagens internacionais, tendo visitado 67 países, incluindo Portugal (2017 e 2023).

OC

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