D. José do Patrocínio Dias chegou ao território há 100 anos
Beja, 08 fev 2022 (Ecclesia) – A Diocese de Beja assinalou os 100 anos da chegada de D. José do Patrocínio Dias ao território que o recebeu “à bomba” no dia 4 de fevereiro de 1922 e onde foi “bispo restaurador”, até 1965.
Natural da Diocese de Guarda, onde foi ordenado sacerdote e bispo, e depois de ter sido coordenador dos capelães militares portugueses na I Guerra Mundial, D. José do Patrocínio Dias chegou de comboio à Estação das Alcáçovas, tendo por Beja; a viagem fora antecipada de forma a evitar a receção violenta preparada por setores radicais e, no dia seguinte, a 5 de fevereiro, entrou na cidade de automóvel, contornando os grupos que o aguardavam na estação de comboio.
Cem anos depois, no último sábado, a Diocese de Beja evocou na Sé a entrada de D. José do Patrocínio Dias, que viria a ser o grande “restaurador” de um território onde a presença da Igreja se tinha desagregado, sobrevivendo sem liderança.
Na homilia da Eucaristia a que presidiu, D. João Marcos lembrou a grandeza do “bispo restaurador”, que edificou as principais estruturas pastorais da diocese que, ainda hoje, são o património que permite o trabalho pastoral: os dois seminários, em Serpa e Beja, o mosteiro carmelita do Sagrado Coração de Jesus ou a Congregação das Oblatas do Divino Coração são exemplo do seu empenho apostólico.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o padre José Maria Coelho lembra os ataques à bomba de que D. José do Patrocínio Dias foi vítima nos primeiros momentos da sua presença na diocese.
“Logo em janeiro de 1923 dinamitaram a porta da casa episcopal e na Quarta-feira Santa desse ano, outro engenho explodiu junto à Sé. Mas ele terá dito: Em La Lys (França) no dia 9 de abril vi muito pior do que isto”, afirmou.
D. José do Patrocínio Dias tinha estado na frente de guerra, onde o coordenador dos capelães militares que acompanhavam o Corpo Expedicionário Português em França, e viu os horrores do conflito militar e a experiência deu-lhe a energia e a coragem necessárias para enfrentar no Alentejo, o radicalismo de alguns grupos republicanos mais anticlericais.
O atual bispo, o quarto na diocese após D. José do Patrocínio Dias, lembrou a situação dos cristãos no Alentejo atual.
“Como ovelhas sem pastor ou apascentadas por falsos pastores, estão hoje muitos alentejanos. Católicos não praticantes, afastados da missa dominical e da prática dos sacramentos. Essas ovelhas sem pastor precisam de ser amadas” afirmou D. João Marcos, pedindo pastores para a sua messe “com a têmpera e com a sabedoria de D. José do Patrocínio Dias”.
No dia 19 de março, festa de S. José, padroeiro da Diocese, será apresentada a cantata para coro e orquestra “Atrairei todos a Mim” com texto do padre João Paulo Quelhas e música de Sílvio Vicente; a peça musical evoca a vida e ação pastoral de D. José do Patrocínio Dias e será apresentada às 21h00 na capela do Seminário Diocesano de Nossa Senhora de Fátima, em Beja.
HM/PR