D. João Marcos presidiu a Missa nos 250 anos da restauração da Diocese
https://www.facebook.com/19abril2020/videos/206282684027673/
Beja, 12 jul 2020 (Ecclesia) – O bispo de Beja apelou hoje à transmissão e vivência da fé católica, para ir ao encontro de uma “maioria espiritualmente surda” na comunidade alentejana, durante a celebração que assinalou os 250 anos da restauração da Diocese local.
“Anunciar o Evangelho, mais do que transmitir uma doutrina, mais do que comunicar uma moral, mais do que iniciar a uma liturgia, é transmitir a vida de Jesus, filho de Deus. Essa vida não é uma abstração, não é um ideal, é a vida da Igreja, ou seja, a vida que o Espírito Santo suscita e alimenta numa comunidade concreta de irmãos”, assinalou D. João Marcos, durante a homilia que proferiu na Catedral de Beja.
“Sem vida comunitária, ninguém pode evangelizar, porque o seu cristianismo não é autêntico”, acrescentou, numa Missa com transmissão online.
O responsável católico começou por agradecer “a obra de Cristo realizada nos campos do Baixo Alentejo, na margem esquerda do Guadiana e no Alentejo Litoral, ao longo dos últimos dois séculos e meio”.
O bispo de Beja assinalou, no entanto, que “dos muitos milhares de pessoas batizadas na Igreja Católica, a grande maioria não escuta a Palavra de Deus”.
“Vivem como pagãos. E quando participam num funeral ou num casamento, as palavras de quem preside não são recebidas por essa maioria espiritualmente surda”, lamentou.
Para D. João Marcos, muitos são “católicos de religião, mas não de fé”, que vivem de forma “superficial” e estão “centrados em si mesmos”.
“Estão na Igreja, mas temem a comunidade e vivem profundamente sozinhas, com os seus problemas, que não comunicam a ninguém”, acrescentou.
Dirigindo-se aos participantes na Eucaristia, o responsável católico deixou uma interpelação: “Há uma divisão profunda entre as orações que dizeis e as obras que praticais”.
O bispo de Beja defendeu que, à imagem de Jesus Cristo, a comunidade católica recorra à “ linguagem das parábolas”, um convite que “deixa as pessoas à entrada da porta, na alegria de quem se sente amado por poder escutar, mas na humildade de quem está fora do sentido pleno daquilo que escuta, e precisa de perguntar pela chave necessária para entrar nesse mistério”.
Ainda que a situação social não seja, aparentemente, muito favorável, se somos Igreja viva, se o amor a Cristo e ao seu Evangelho nos move, precisamos de lavrar esta terra e de a preparar para produzir uma nova seara. Poderá dar muito ou pouco, mas se não semearmos, seguramente nada produzirá”.
D. João Marcos falou num tempo em que “a sede de lucro escraviza tudo e todos”.
“Cristo nosso Senhor, a Palavra que desceu do Céu à terra para realizar a sua missão libertadora e regressar ao Pai, Aquele que proclamamos estar no meio de nós, é a Luz do mundo, que resplandece nas trevas. Deixemo-nos guiar por essa Luz! Ela transforma os que a seguem em luzeiros brilhantes no meio das trevas”, concluiu.
A diocese alentejana teve uma primeira cátedra antes da nacionalidade portuguesa (Pax Iulia), desde o ano 531, sendo considerado como seu primeiro bispo histórico Santo Apríngio; a cátedra desapareceria em 754, durante mais de mil anos.
A Diocese de Beja seria restaurada a 10 de julho de 1770, através da bula ‘Agrum Universalis Ecclesiae’, do Papa Clemente XIV.
O programa comemorativo para os 250 anos da restauração da Diocese de Beja começou a 1 de dezembro de 2019, sob o lema pastoral ‘Somos Igreja Celebrante’.
OC