Beato Francisco explicado aos adultos

Congresso sobre o Pastorinho decorre em Fátima, de 18 a 20 de Junho Centenas de pessoas marcaram presença esta Quinta-feira no Congresso "Francisco Marto, crescer para o dom", que decorre em Fátima até ao próximo dia 20, encerrando o programa celebrativo do centenário do nascimento do Pastorinho.

Na abertura dos trabalhos, o Bispo da Diocese, D. António Marto, saudou a realização deste Congresso dedicado a "esta figura tão simpática, quer do ponto de vista humano, quer do ponto de vista espiritual".

A iniciativa pretende estudar a figura e o testemunho desta criança, bem como alguns aspectos relacionados com a espiritualidade infantil. Para o Bispo de Leiria-Fátima, Francisco mostra que a santidade não é só "coisa de adultos" e ajuda a lembrar "o protagonismo das crianças na história da salvação e do mundo".

"É hora de escutar as crianças", defendeu, frisando que há boas razões para escutar e olhar em profundidade as crianças, que têm muito a ensinar "neste momento cultural do século XXI".

Para D. António Marto, existe um plano em que a criança é superior aos adultos: "O ângulo da alma em que o Espírito de Deus toca directamente o homem"

"Deus fala muito cedo ao coração das crianças. Os pequenitos percebem Deus, Jesus, o Espírito Santo, Maria com uma naturalidade que nós adultos, raramente conservamos intacta", assinalou.

"Sentem Deus sem esforço, sem interrupções, quase sem se darem conta, sem imaginar que deverão dizê-lo ou escrevê-lo. No entanto, são excelentes locutores de Deus, como pequenos profetas", disse ainda.

O Beato Francisco é, neste contexto, uma figura exemplar, que D. António Marto classificou como um  "místico de Jesus escondido na Eucaristia", "um pequeno teólogo", com um "sentido surpreendente da hierarquia das verdades da fé", "um enamorado da beleza de Deus".

A sua figura, prosseguiu, "convida-nos a um novo olhar sobre a infância, hoje tão necessário" e a uma "segunda ingenuidade", de uma fé adulta e iluminada capaz de "acolher o Deus da surpresa".

O Pe. Vítor Coutinho, secretário do Congresso, destacou por seu lado a importância de "ver a mensagem de Fátima a partir desta criança" e perceber "como é interpelante a forma como ele viveu a mensagem das aparições de Fátima", ainda hoje.

Este responsável destacou no Vidente a "marca contemplativa", a "capacidade de espanto e de abertura ao outro".

Francisco "não é apenas modelo de uma espiritualidade para as crianças", mas tem a "capacidade de questionar a vida de fé do cristão adulto".

Neste contexto, explicou, o Congresso surge como "uma oportunidade privilegiada para nos deixarmos desafiar pela personalidade do Pastorinho" e "aprofundar o significado e o papel das crianças na vivência da fé e da espiritualidade cristã".

Já o Reitor do Santuário, Pe. Virgílio Antunes, deixou algumas notas de carácter pessoal, referindo que "desde criança me habituei a admirar a figura daquele menino inocente, com um perfil humano e espiritual que me dizia muito".

Recordando as visitas e peregrinações a Aljustrel, Valinhos e à Loca do Cabeço, o Pe. Virgílio Antunes disse que sempre ligou Francisco "ao monte", lugar de "silêncio, contemplação, alegria interior, mistério da natureza, da humanidade e de Deus".

Após assinalar o grande número de participantes inscritos, o Reitor do Santuário de Fátima deixou votos de que "possamos ter um grande congresso, pois a figura de Francisco é portadora de imensas possibilidades e motivos de inspiração para os nossos dias".

"Fátima tem a obrigação moral de dar a conhecer esta figura ao mundo, à humanidade e à Igreja de hoje", concluiu.

Ausente da abertura dos trabalhos esteve o vice-postulador da Causa de Canonização dos Pastorinhos, Pe. Luís Kondor, por motivos de saúde. Em seu nome, a Ir. Ângela Coelho, leu um texto que passava em revista todo o processo que levou à beatificação de Francisco e Jacinta, em 2000. Depois de todos estes anos, assegura, "há mais informação que começa a ser divulgada e está à disposição de toda a gente".

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