D. Jorge Ortiga sublinha necessidade de defender todas as vidas, lamentando insistência na legalização da eutanásia
Lisboa, 08 nov 2019 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga afirmou que o novo santo português, Frei Bartolomeu dos Mártires, é uma inspiração para a luta em defesa dos mais desfavorecidas, na atualidade.
“O cuidado que ele teve com os pobres, com os mais necessitados. Há tantos momentos da sua vida na relação com os mais abandonados, com os mais marginalizados. É muito fácil encontrarmos elementos que possam, na verdade, ser um estímulo para os cristãos, adultos e jovens, para caminhar de uma maneira nova, mais comprometida na Igreja e na sociedade”, refere D. Jorge Ortiga, na entrevista semanal conjunta ECCLESIA/Renascença, publicada e emitida hoje.
Ao longo do seu percurso, no século XVI, D. Frei Bartolomeu dos Mártires ficou conhecido pela sua preocupação com a reestruturação da Igreja Católica, do clero às comunidades católicas, e pelo seu empenho nas causas sociais, de modo particular junto dos mais pobres e doentes.
Para D. Jorge Ortiga, a canonização do antigo arcebispo de Braga é um exemplo para todos os católicos, que hoje enfrentam questões como os projetos que visam a legalização da eutanásia, em Portugal.
“Sabemos que é muito complicado encontrar um lugar numa unidade de cuidados continuados ou paliativos, e esta é que devia ser a verdadeira resposta, aqui é que se devia gastar dinheiro, não gastar dinheiro na morte das pessoas, mas gastar dinheiro para que haja condições e as pessoas possam chegar ao fim da sua vida de uma maneira digna”, defenda.
O responsável admite mesmo a necessidade de um referendo sobre o tema, “se não houver outra hipótese”, considerando que, nesse caso, a Igreja Católica tem “de ir para a luta, apelando naturalmente aos portugueses que tenham consciência daquilo que foi sempre a sua história”.
D. Jorge Ortiga alerta ainda para a necessidade de olhar para quem “não tem o indispensável para viver”.
“É fundamental o diálogo entre todas as instituições para chegar a uma solução e a um consenso, na certeza de que o ordenado mínimo ainda é bastante, diria, insuficiente para que as pessoas possam viver tranquilamente com a dignidade a que têm direito”, indica.
As dioceses de Viana do Castelo e Braga vão celebrar no sábado e domingo a canonização de Frei Bartolomeu dos Mártires, decidida pelo Papa Francisco, que dispensou a necessidade de um novo milagre, após a beatificação.
“A sua vida, durante este tempo, foi sempre reconhecida como a de alguém que foi santo. Aliás, quando morreu, em Viana do Castelo a população já o reconhecia como tal, era o ‘arcebispo santo’, que viveu e morreu ali”, recorda D. Jorge Ortiga.
A ‘canonização equipolente’ é um processo instituído no século XVIII por Bento XIV, através do qual o Papa “vincula a Igreja como um todo para que observe a veneração de um Servo de Deus ainda não canonizado pela inserção de sua festividade no calendário litúrgico da Igreja universal, com Missa e Ofício Divino”.
OC
A canonização, ato reservado ao Papa desde o século XIII, é a confirmação, por parte da Igreja Católica, que um fiel católico é digno de culto público universal (os beatos têm culto local) e de ser apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.