Atenção ao «próximo» como marca da fé cristã

D. José Policarpo escreve carta pastoral ao Patriarcado de Lisboa, convidando a superar o que é efémero

Lisboa, 25 out 2012 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou que a atenção ao “próximo” é uma marca da fé cristã e convidou os católicos a responderem a essa exigência com determinação.

“A caridade fraterna, nas circunstâncias concretas da nossa sociedade, é um chamamento exigente na nossa peregrinação da fé”, escreve D. José Policarpo numa carta pastoral enviada hoje à Agência ECCLESIA, no dia em que a Igreja de Lisboa assinala a abertura do Ano da Fé.

O documento apresenta o “amor do próximo” como caminho para “o amor de Deus” e frisa que esta convicção é determinante na apresentação da mensagem da Igreja.

“A vida das outras pessoas que convivem connosco pode depender da ousadia do nosso testemunho”, refere o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

D. José Policarpo convida os fiéis a tomarem “a sério os mandamentos” e a terem “coragem” para os praticar, sublinhando que estes são “o caminho da caridade e não há fé viva sem caridade”.

“Vivemos num tempo em que facilmente se relativizam os mandamentos, contrapondo a nossa liberdade à Palavra de Deus, que encontra eco atualizado na palavra da Igreja”, adverte.

A carta pastoral destaca que muitos cristãos “estão demasiadamente centrados na vida deste mundo” e aceitam uma vida depois da morte como “solução para o irremediável”.

“Estamos demasiadamente marcados e motivados pela vida neste mundo, sem aceitar que ela é efémera e passageira, que o Senhor nos criou para a vida eterna”, assinala o patriarca de Lisboa.

Segundo D. José Policarpo, há uma “felicidade eterna” que Deus oferece aos seres humanos, mas esta tem de ser “querida e escolhida” com liberdade.

“Foi exatamente no exercício dessa liberdade que o homem se afastou de Deus, e isso alterou profundamente a qualidade e o sentido da sua vida”, indica.

O documento fala numa “transformação da vida” que implica uma “luta de todos os dias”.

“Não se vai para o Céu só porque Deus é bom e esquece os nossos pecados; temos de aceitar a conversão da nossa vida, a purificação da nossa liberdade, que Deus vai fazendo em nós na caminhada da fé”, aponta o cardeal-patriarca.

O Ano da Fé, convocado por Bento XVI, iniciou-se a 11 de outubro, data em que passaram 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965), terminando a 24 de novembro de 2013, último domingo do ano litúrgico.

D. José Policarpo observa, a este respeito, que o Concílio “foi uma resposta de fé às exigências da missão da Igreja de anunciar o Evangelho no mundo contemporâneo em acelerada transformação”.

“Viver um Ano da Fé supõe, necessariamente, aceitar a atualidade do Concílio como expressão da fé da Igreja”, sustenta.

Dirigindo-se aos fiéis da diocese, o cardeal-patriarca pede que “a Palavra seja proclamada com o ardor com que os Apóstolos o fizeram”.

“Quando o homem escuta essa Palavra, fica comovido, acredita, reacende a esperança. A fé dá-lhe segurança”, prossegue.

O texto alude à importância da oração e ao amor familiar, alertando para a “busca egoísta do prazer” e destacando que “a sexualidade é um dinamismo de dom e de procura do bem dos outros”.

A carta que tem como título ‘A Peregrinação da Fé’, dividida em 13 pontos, vai ser distribuída hoje na Sé, às 21h00, durante a celebração diocesana de abertura do Ano da Fé e ficará disponível nas paróquias e na livraria do Patriarcado de Lisboa.

OC

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