Assis 2016: Papa evoca vítimas das guerras e da «indiferença»

Francisco e responsáveis cristãos unidos em oração pela paz na Basílica de São Francisco

Assis, Itália, 20 set 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco recordou hoje em Assis, Itália, as vítimas da guerra e os refugiados que sofrem perante a “indiferença” da sociedade, durante uma celebração ecuménica na cidade italiana.

“Imploram paz as vítimas das guerras que poluem os povos com ódio e a terra com armas; imploram paz os nossos irmãos e irmãs que vivem sob a ameaça dos bombardeamentos ou são forçados a deixar a casa e emigrar para o desconhecido, despojados de tudo”, disse o pontífice argentino, na primeira intervenção pública que proferiu neste encontro inter-religioso pela paz.

Depois de ter chegado esta manhã a Assis, onde cumprimentou responsáveis religiosos, representantes do mundo da cultura e refugiados, o Papa participou ao início da tarde na oração ecuménica que decorreu na basílica inferior de São Francisco.

Durante a celebração, foram nomeados 27 países em guerra no mundo, acendendo-se uma vela por cada um.

Francisco partiu do tema escolhido para o encontro inter-religioso, ‘Sede de paz’, no 30.º aniversário do primeiro evento do género, promovido pelo Papa João Paulo II.

“As palavras de Jesus interpelam-nos, pedem acolhimento no coração e resposta com a vida. Na sua exclamação ‘tenho sede’, podemos ouvir a voz dos que sofrem, o grito escondido dos pequenos inocentes a quem é negada a luz deste mundo, a súplica instante dos pobres e dos mais necessitados de paz”, declarou.

O Papa alertou para a “rejeição” que estas pessoas recebem, criticando “o silêncio ensurdecedor da indiferença”, o “egoísmo” e a “frieza” de quem ignora o “grito de ajuda” do próximo “com mesma facilidade com que muda de canal na televisão”.

Antes do encontro de oração, Francisco cumprimentou pessoalmente o patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu I; o arcebispo de Cantuária (Igreja Anglicana), Justin Welby; o patriarca siro-ortodoxo de Antioquia, Efrém II; Zygmut Bauman, sociólogo e filósofo (Polónia); Din Syamsuddin, presidente do Conselho dos Ulema (Indonésia), em representação do mundo islâmico; e o grão rabino David Rosen, de Israel.

Além das igrejas e comunidades cristãs que rezaram na Basílica de São Francisco de Assis, os representantes das diversas religiões presentes na cidade italiana rezaram pela paz em vários locais diferentes.

Durante o encontro ecuménico, o Papa evocou o exemplo da nova santa da Igreja Católica, Madre Teresa de Calcutá, lembrando que ela quis que, nas capelas de cada comunidade das Missionárias da Comunidade, estivesse escrito perto do Crucifixo a frase ‘Tenho sede’.

“Apagar a sede de amor de Jesus na cruz, através do serviço aos mais pobres dos pobres, foi a sua resposta”, precisou.

O encontro internacional e inter-religioso pela paz em Assis, com o tema ‘Sede de paz. Religiões e cultura em diálogo’, termina com a leitura de um ‘Apelo de Paz’, que será depois entregue a crianças de vários países, para o distribuírem pelos líderes políticos e diplomáticos, após um momento de silêncio pelas vítimas das guerras.

OC

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