Ásia: Papa Francisco encerra viagens inéditas, marcadas por apelos contra armas nucleares e a exploração das pessoas (c/vídeo)

32ª visita apostólica do pontificado passou pela Tailândia e Japão, sublinhando necessidade de diálogo entre religiões

Lisboa, 25 nov 2019 (Ecclesia) – O Papa encerrou hoje a sua viagem de uma semana à Tailândia e Japão, países que visitou pela primeira vez, marcada por mensagens pelo fim das armas nucleares e contra o tráfico de pessoas.

No Parque do Epicentro da Bomba Atómica, em homenagem às vítimas de Nagasáqui, Francisco defendeu a abolição global das armas nucleares, denunciando os gastos militares num mundo em que milhões de pessoas vivem em condições desumanas

Já no Memorial da Paz de Hiroxima, no local onde explodiu a primeira bomba atómica, o pontífice falou num momento que “marcou para sempre” a história da humanidade, que “nunca mais” deve recorrer a armas nucleares.

“Desejo reiterar, com convicção, que o uso da energia atómica para fins de guerra é, hoje mais do que nunca, um crime não só contra o homem e a sua dignidade, mas também contra toda a possibilidade de futuro na nossa casa comum. O uso da energia atómica para fins de guerra é imoral, da mesma forma que é imoral a posse de armas atómicas, como disse há dois anos. Seremos julgados por isso”, advertiu.

 

A mensagem foi repetida num encontro que decorreu em Kantei, perante primeiro-ministro Shinzo Abe, autoridades do Governo e membros do corpo diplomático: “Que nunca mais, na história da humanidade, volte a acontecer a destruição gerada pelas bombas atómicas em Hiroxima e Nagasáqui”.

O drama de 2011 em Fucuxima, atingida pelo “triplo desastre” – terramoto, tsunami e acidente nuclear – também foi evocado, com apelos à solidariedade para as vítimas e apoio à posição dos bispos nipónicos, pelo fim das centrais nucleares.

A história do Cristianismo num país onde o Papa desejava ser missionário, na sua juventude, também marcou o programa da visita: Francisco rezou junto ao Monumento dos 26 Mártires de Nagasáqui, entre os quais o santo português Gonçalo Garcia, mortos na cidade japonesa em 1597, afirmando que estas figuras são uma “fonte profunda de inspiração” para si.

O segundo pontífice a visitar o Japão – país que recebeu São João Paulo II em 1981 – falou da “multidão doutros mártires”, que revelaram na sua vida e morte que “o amor que triunfou sobre a perseguição e a espada”.

O Papa apresentou-se aos bispos católicos do Japão como um “missionário”, a cumprir o sonho antigo de anunciar a fé cristã no arquipélago, prestando homenagem aos seus mártires.

Na sua primeira Missa com comunidade católica, Francisco evocou os sofrimentos da guerra e da perseguição religiosa; já na Eucaristia que presidiu em Tóquio, o Papa apelou ao diálogo entre religiões para defender “todas as vidas”, propondo modelos que contrariem o consumismo e o individualismo.

Com os jovens, o pontífice abordou um tema sensível na sociedade japonesa, após ouvir vários testemunhos, pedindo o fim do “bullying”.

O Papa tinha encerrado no último sábado a sua primeira viagem à Tailândia, iniciada na quarta-feira, após vários encontro e oito intervenções centradas na defesa dos Direitos Humanos e diálogo entre religiões.

A Tailândia e o Japão são países onde os católicos representam menos de 1% da população, nos quais ficaram marcadas da missionação portuguesa no século XVI, em particular.

OC

O Papa fez até hoje 32 viagens internacionais, nas quais visitou 49 países, passando pelo Brasil, Jordânia, Israel, Palestina, Coreia do Sul, Turquia, Sri Lanka, Filipinas, Equador, Bolívia, Paraguai, Cuba, Estados Unidos da América, Quénia, Uganda, República Centro-Africana, México, Arménia, Polónia, Geórgia, Azerbaijão, Suécia, Egito, Portugal, Colômbia, Mianmar, Bangladesh, Chile, Perú, Bélgica, Irlanda, Lituânia, Estónia, Letónia, Panamá, Emirados Árabes Unidos, Marrocos, Bulgária, Macedónia do Norte, Roménia, Moçambique, Madagáscar, Maurícia, Tailândia e Japão; as cidades de Estrasburgo (França), onde esteve no Parlamento Europeu e o Conselho da Europa, Tirana (Albânia), Sarajevo (Bósnia-Herzegovina) e Lesbos (Grécia).
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Agência ECCLESIA

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