O livro com textos de D. António Ferreira Gomes, apresentado esta Quinta-feira, no Porto, é definido por D. Carlos Azevedo como uma obra de critica às opções políticas e, por isso, com plena actualidade. “Provas. A outra face da situação e dos factos do caso do Bispo do Porto” reúne documentos do antigo Bispo do Porto, alguns deles inéditos, entre eles está a “Carta a Salazar”, um documento que faz 50 anos no próximo domingo, mas também a “Carta ao Papa Paulo VI”. A maior parte dos escritos foi reunida entre 1958 e 1962, no entanto, D. Carlos Azevedo, presidente da Fundação SPES e o Bispo Auxiliar de Lisboa, disse no lançamento do livro que a mensagem tem uma grande actualidade. “A opção entre a profecia e a diplomacia é uma opção permanente da Igreja e uma opção permanente de quem está na crítica às opções políticas”, sublinha. Dos textos reunidos, D. Carlos Azevedo destaca a carta do Bispo do Porto ao Papa Paulo VI. “É dos documentos que eu conheço de toda a história da Igreja, dos que mais transmite uma posição de dignidade pessoal”, afirma. “ Quando ele diz que obedece àquilo que o Papa determinar, se for o caso, de deixar a Diocese, mas que a responsabilidade moral da decisão vai toda para que decide, vai toda para o Papa, e o Papa, o que é certo, é que não o removeu. É essa a dignidade da pessoa que está disposta a obedecer, mas que em consciência não pode concordar com aquilo que lhe pedem para obedecer”, refere o Bispo Auxiliar de Lisboa. “Provas. A outra face da situação e dos factos do caso do Bispo do Porto” foi lançado no âmbito dos 50 anos da carta de D. António Ferreira Gomes a Salazar, um documento que abre o livro, textos que o presidente da Fundação SPES acredita ainda podem incomodar. O historiador Rui Ramos, que apresentou o livro, destaca a importância da obra para perceber uma época em que era difícil ter opiniões e em que o debate político era feito, sobretudo, em privado.