Arte Sacra está a orientar-se excessivamente para o comércio e turismo

Criticou o Arcebispo de Évora nas jornadas sobre a Sé daquela cidade Para se compreender a essência da arte, da cultura e da pastoral é obrigado subir as encostas da história, “munido de eficazes instrumentos de observação, que lhe permitam analisar os acidentes do percurso histórico e alcançar a nascente inesgotável de água cristalina, onde o rio da vida tem a sua origem” – referiu D. José Alves, Arcebispo de Évora, na jornada Histórico-Artística sobre a Sé desta cidade. A comemorar 700 anos da sua dedicação, a Sé de Évora “é a jóia do património arquitectónico” desta cidade alentejana – sublinhou, recentemente, o Cón. Eduardo Pereira da Silva, presidente do cabido. O arcebispo de Évora salientou na abertura desta jornada que o cabido está a dar cumprimento a um “criterioso programa, de horizontes alargados, com o qual se propõe, por um lado, avivar a memória do seu passado glorioso, para daí tirar as devidas ilações em ordem ao presente e, por outro lado, desejando corresponder às exigências culturais do nosso tempo, meteu ombros ao arrojado projecto de instalar no edifício, onde funcionou o Colégio dos Moços da Sé, novo Museu de Arte Sacra da Sé de Évora, que esperamos possa ser inaugurado em breve”. As celebrações desta efeméride tiveram início a 8 de Dezembro do ano transacto e prolongam-se até ao próximo dia 8 do último mês do ano. Um monumento histórico que gerou à sua volta um núcleo histórico e urbanístico que constitui o “coração cultural da cidade e que foi determinante para a classificação de Évora como património da humanidade” – adianta o Cón. Eduardo Pereira. Por sua vez, D. José Alves realça que quem se der ao trabalho de “percorrer sistemática e conscienciosamente o itinerário que conduz às fontes iconográficas da Sagrada Escritura, da Patrística, do Magistério e dos grandes místicos do cristianismo, certamente concluirá que existe “um vínculo inseparável entre a beleza e a experiência de Deus”. Todavia, esse itinerário nem sempre é fácil. “Múltiplos e variados são os escolhos que podem surgir no caminho. Entre eles refira-se uma espécie de teia, entrelaçada pela ignorância, pelo materialismo e pelo laicismo que dificulta a contemplação profunda da beleza da arte sacra e impede o acesso à sua essência – a alma que a anima e lhe dá sentido”. Por outro lado, sob influência do hedonismo consumista, “típico da nossa sociedade, a relação com a arte sacra parece estar a orientar-se excessivamente para o comércio e para o turismo” – finaliza o arcebispo de Évora.

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