Arquitectura Religiosa no século XXI

O município da Póvoa de Varzim acolhe nos dias 18 e 19 de Maio o Fórum de Arquitectura Religiosa promovido pela Turel – Turismo Cultural e Religioso. Trata-se de um debate alargado, organizado pela primeira vez por aquela entidade de promoção do turismo religioso, que tem convidados arquitectos de renome para uma reflexão e debate da construção, conservação e restauro do património religioso. Reflectir sobre a arquitectura religiosa; analisar as novas tendências e técnicas de construção, conservação e restauro do património arquitectónico de origem religiosa; debater estratégias para a construção de edifícios religiosos; analisar casos práticos de construção, conservação e restauro de edifícios religiosos; especificidades dos edifícios religiosos; e apresentar experiências de Portugal e da Galiza, são os objectivos traçados pela organização. O Fórum de Arquitectura Religiosa foi ontem apresentado em conferência de imprensa, na Câmara Municipal poveira, e é acolhido naquela localidade em resultado do protocolo celebrado entre a autarquia e a TUREL. O cónego Eduardo Melo Peixoto, presidente da TUREL, recordou que a arquitectura religiosa assenta essencialmente nos edifícios destinados ao culto, igrejas, santuários, capelas, entre outros. Que constituem «verdadeiras referências das comunidades que os patrocinam e em que se integram », sublinhou. Por outro lado é indicado que os locais de culto e oração, as igrejas românicas, particularmente em Portugal e Espanha, são também frequentemente os locais de reunião cívica das paróquias e pólos de festejo litúrgicos e profanos. O responsável da TUREL referiu que, com base num documento elaborado pelo ICOMOS (International Council on Monuments and Sites), o património arquitectónico representa um bem valioso, considerando os aspectos culturais e também económicos. Por outro lado, o turismo será certamente uma das indústrias mais importantes do terceiro milénio. Em geral, a existência de um monumento ou conjunto monumental emblemático representa a atracção principal de um local e, simultaneamente, um gerador directo e indirecto de recursos financeiros, frisou o cónego Eduardo Melo Peixoto. Ora, os edifícios de origem religiosa são os que se destacam dos restantes. Em Portugal cerca de 75 por cento do património existente é de origem religiosa. Pelo que o ICOMOS recomenda que «a compreensão exacta da realidade das construções antigas, bem como a sua reabilitação e fruição adequadas continuam a ser desafios muito importantes». Ainda que sejam feitas muitas recomendações, o facto é que, ao longo dos anos, diversas construções antigas têm sofrido danos que representam perdas irreparáveis. As construções degradam-se com o tempo pelo que a conservação e restauro do património «é uma forma de desenvolvimento sustentável», destacou o presidente da TUREL, acrescentando que a sociedade actual «exige a protecção do património de valor cultural e a sua transferência para as gerações vindouras, pelo que a conservação e restauro do património é também uma forma de cultura». Ao Diário do Minho, justificando a importância da manutenção dos espaços religiosos, o presidente da TUREL revelou que o Santuário de São Bento da Porta Aberta gastou cerca de 600 mil euros e o Santuário do Sameiro uma verba idêntica, só na «manutenção básica» dos espaços, durante os últimos dois anos. A construção de novos edifícios religiosos tem representado um grande desafio para arquitectos e empresas de construção, situando-se actualmente numa actividade significativa e com um forte impacto mediático associado. Neste contexto, o programa do fórum – que será ainda enriquecido – revela que o projecto de construção nova Igreja da Santíssima Trindade em Fátima, uma obra orçamentada em cerca de 50 milhões de euros, vai ser analisado. Para isso, vão estar presentes o director da obra, engenheiro António Carvalho, e Alexandros Tombazis, o arquitecto grego que projectou a obra e que dará a sua segunda conferência em Portugal. Para a Póvoa de Varzim, a realização deste fórum vem dar visibilidade a «um espaço de referência estratégica», como salientou o vereador da Cultura, Afonso Oliveira. Aquele autarca indicou que o município já concluiu o levantamento do património de arte sacra, que, em articulação com a Arquidiocese de Braga, vai apoiar a inventariação do património religioso do concelho, pelo que este debate surge numa altura muito propícia e que se alia às comemorações dos 250 anos da Matriz da Póvoa de Varzim.

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