Fundador manifestou em 1888 necessidade de assistência religiosa a quem viajava no mar; hoje continuam a acompanhar os trabalhadores
Lisboa, 02 out 2020 (Ecclesia) – O superior geral dos Missionários Scalabrinianos manifestou a sua preocupação pelos trabalhadores no mar, atingidos pela pandemia e sujeitos “ao stress físico, emocional e mental, com o risco de acidentes no trabalho”.
“Forçados a trabalhar longos turnos sem substituição, estão sujeitos ao stress físico, emocional e mental, com o risco de acidentes no trabalho. Junto a eles estão aqueles que são forçados a desembarcar. Eles têm um contrato de trabalho e gostariam de embarcar porque suas famílias dependem de seu trabalho, mas as restrições de viagem não lhes permitem esta possibilidade. Finalmente, há muitos marinheiros que permanecem no limbo, hospedados em instalações de acolhida, sem poder acompanhar suas práticas de contratação ou retornar às suas famílias”, escreve, numa carta enviada à Agência ECCLESIA, o padre Leonir M. Chiarello.
Desde 1888 que João Batista Scalabrini, fundador da congregação, manifestou necessidade de realizar uma “assistência religiosa” aos “emigrantes” no mar, uma vez que era em barco que a mobilidade acontecia; décadas depois continua a ser necessário acompanhar os trabalhadores que encontram no mar o seu sustento.
Os missionários Scalabrianos estimam que existam cerca de “1,6 milhões de marítimos no mundo” a trabalhar em cerca de 70 mil embarcações.
“A maioria utilizada para fins comerciais, pois, 90% do que compramos é transportado por mar”, assinala o padre Leonir M. Chiarello.
Nascido há 100 anos em Glasgow, na Escócia, a Obra do Apostolado do Mar deveria ter uma celebração solene e uma conferência internacional mas a pandemia “parou o mundo e cancelou tudo”.
“Mas se o grande evento comemorativo não se realiza, o serviço que os capelães e agentes do Apostolado do Mar prestam aos marinheiros e pescadores continua e de fato se torna mais urgente”, escreve o religioso.
A pandemia “atingiu o mundo dos marítimos” e criou “grandes problemas”, adverte, reconhecendo que apesar de a vida no mar ser protegida por “convenções internacionais”, as regras não são muitas vezes cumpridas, “particularmente para os marinheiros e pescadores menos qualificados”.
O presidente do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé), cardeal Peter Turkson, apelou a governos, organizações internacionais e nacionais e autoridades portuárias para que unam esforços, a fim de “resolver esta dramática situação”.
Com “as restrições de viagem, o encerramento das fronteiras e as medidas de quarentena impostas por muitos governos em resposta à pandemia da Covid-19”, afirma o cardeal, mais de 300 mil marítimos estão atualmente confinados ao mar, com dificuldades nos contratos de trabalho que tiveram de ser prorrogados.
LS